Sabe aqueles lugares que você sempre quis conhecer, mas nunca se imaginou indo? Nem estou falando da Índia ou da China não. O destino em questão são as Cataratas do Iguaçu. É pertinho, todo mundo vai, e eu nunca o havia colocado na minha lista de prioridades. Mas agora, com essas idas constantes à Argentina, pensei “Por que não?”. E lá fui eu.
As Cataratas ficam bem na fronteira do Brasil com a Argentina, então são duas as opções de QG: Foz do Iguaçu, no lado brasileiro; Puerto Iguazu, no lado argentino. Como eu pegaria um voo de Buenos Aires, optei pela cidade dos hermanos. Eis que me vem a descoberta de que meu voo Rio-Buenos teria escala justamente em Puerto Iguazu. Só precisei de umas três horas pra fazer o mocinho do check-in da Aerolineas entender que eu e minha mala desembarcaríamos no meio do caminho.
Meu guia diz que, não fosse pela proximidade das Cataratas, Puerto Iguazu nem entraria no mapa. É verdade. Uma rodoviária, duas ruas de comércio e acabou a cidade. Tanto que a maioria dos hotéis fica distante, na beira da Ruta 12, estrada que leva ao Parque Nacional Iguazu. E foi neste vilarejo vibrante que eu cheguei praticamente virada. Imaginaram a emoção? Larguei os pertences no albergue e fui conhecer as redondezas até dar a hora de o quarto estar liberado. Fingindo que o sono era algo inexistente, fiz uma (boa) caminhada até a Tríplice Fronteira, onde Argentina, Brasil e Paraguai se beijam através do Rio Paraná. E isso é muito legal! Eu nunca tinha visto o Paraguai antes (ok, não que isso tenha mudado minha vida), mas é demais perceber que a distância entre os três países é tão ridícula. Tipo, dá pra ir nadando, sabe? Mas é melhor ir até a rodoviária e pegar um ônibus safado, desses comuns que existem em qualquer cidade, e dar um passeio ali em Foz. Na frente do busão, cor azul aguada, está escrito simplesmente “BRASIL”. Juro. Eu tive que reler umas mil vezes até aceitar que aquela condução simplória, dessas que você puxa a cordinha pra saltar, ia até o meu país como quem te leva no bairro vizinho.
E é dessa mesma rodoviária que saem os ônibus (praticamente de hora em hora) pro Parque Iguazu, um dos passeios mais surpreendentes que já fiz. Depois de uma tarde de sábado entregue aos braços de Morfeu, meu domingão começou bem cedo (eu = o único ser acordado em todo o hostel) rumo às famosas Cataratas. Esses ônibus especiais deixam a turistada bem na porta do lado argentino do Parque. Aí é só comprar o ticket, pegar o trenzinho até as quedas d’água e ser feliz. Tudo bem que já estava bem cheio, e que estava chovendo. Então eu fiz um esforço um pouquinho maior pra ficar BEM feliz.
E deu certo. Porque após caminhar por várias plataformas sobre águas calmas, dei de cara com a Garganta do Diabo, a maior queda de todas. E toda a minha idéia de cachoeira foi literalmente por água abaixo pela sensação indescritível que tomou conta do meu corpo. Não dá pra traduzir em palavras a força daquele negócio. Eu só conseguia olhar e pensar “Meu Deus”. É muita água, gente. É muito grande. Não parece de verdade. Aliás, não sei dizer o que parece. É coisa de outro mundo. Uma mistura de medo, alegria e estupefação. E nessa coisa toda de água, meus olhos obviamente se encheram dela.
A Garganta do Diabo é a catarata queen-mega-plus do Parque Iguazu, mas ainda há várias outras incríveis, lindas e fantásticas. E chega-se bem pertinho delas – a ponto de se molhar mesmo – por outros dois circuitos de passarelas: o inferior, para observá-las de baixo; e o superior, que passa por cima delas. É muita boniteza junta. Água, pedras, pássaros, quatis... muita foto pra tirar. Se num dia cinza e chuvoso já é assim, num dia de sol deve ser uma afronta às demais maravilhas da natureza. Ainda me arrisquei num passeio de barco que passa bem embaixo de algumas quedas, pois minhas roupas não estavam encharcadas o suficiente. Que delícia de banho frio! Depois de um batismo naquelas águas tão poderosas, eu voltei pro albergue com a energia renovada.
Mas como não posso abrir mão do meu título de Rainha dos vôos cancelados, é claro que eu cheguei no aeroporto à noite com a bela notícia de que a ida pra Buenos Aires, hahaha, só no outro dia. À tarde. Até pagaram hotel pros passageiros, mas de nada adiantou meu drama de que eu perderia o emprego se não estivesse no escritório da capital argentina na manhã seguinte. “Aerolineas caga na sua cabeça” deveria ser o slogan deles. Alegaram que a fila de espera pros voos que sairiam mais cedo seria por ordem de chegada. Mas se todos os passageiros estavam no mesmo hotel e foram levados ao aeroporto todos juntos, como proceder? Na mesma lista, uma mãe era a 7ª da fila e seu filhinho de três anos, o terceiro. Não entendi. Desenha pra mim, tio? Bom, perdi um dia de trabalho, mas um rapaz mexicano de alma boa me cedeu o lugar dele num voo mais cedo. Fofo. Viva Mexico!
Nenhum comentário:
Postar um comentário