Sempre quis conhecer Mendoza, cidadezinha argentina próxima ao Chile e famosa por ser a principal produtora de vinhos do país. E esse foi meu segundo destino no projeto “Fim de semana de aventura na América do Sul”. Ah, quanta diferença pra minha primeira viagem! Mendoza é pequenina, linda, fofa, limpa, organizada, tranquila e cheia de guardinhas nas ruas. Perfeita para um fim de semana a dois, a três ou praquele indivíduo que, como eu, vai sozinho e pega aquela amizade gostosa no albergue e nos passeios.
É facinho andar por lá. Mendoza tem uma praça principal (Independencia) e outras quatro menores em volta dispostas feito pontos cardeais (San Martin, Chile, Italia e España). Todas são uma graça, mas realmente a Plaza España e seus azulejos (com direito a homenagem a Don Quixote) são insuperáveis. As praças são um bom ponto de partida pra conhecer a cidade. E eu fiz esse conhecimento praticamente na correria porque cheguei de manhã cedinho e o primeiro passeio já estava marcado pra hora do almoço. Então, resumindo a loucura (pois comigo nada pode ser tranquilo): Rio-Buenos Aires sexta à noite; voo pra Mendoza só saía às 7h, pensei em dormir no aeroporto, mas estava frio e às moscas; ligação de emergência para a amiga Ciana, que me albergou durante quatro horas em sua casinha (sono providencial); chegada a Mendoza às 8h, taxi rápido pra cidade, chego no albergue e o quarto não está pronto; Marcela está exausta, com fome e precisa tomar banho, mas decide conhecer a cidade e providenciar um alimento no mercado antes da excursão. Faltando uma hora pra van passar no hostel, a pobre sai correndo do Carrefour, consegue tomar um banho a jato e vai comendo o sanduíche ali na van mesmo.
E se Mendoza é a cidade dos vinhos, é justíssimo que o primeiro passeio seja em vinículas (ou “bodegas”, como eles chamam). Primeiro, uma bodega “profissa”, com produção em larga escala, tudo rico e sofisticado. Ao fim, desgustação de todos os tipos de vinhos que ela produz. Ô que chato. E meu grupo de chilenos, italianos e americanos não comprou uma garrafinha sequer. Em seguida, como não só de vinhos vive o homem, uma paradinha estratégica numa fábrica artesanal de azeite de oliva. Alguém já imaginou como isso é produzido? Pois é, nem eu. Mas é um galpão não muito grande, super cheiroso (juro!), onde as azeitonas esmagadinhas em discos furados fazem pingar o azeite e voilà! No final, óbvio, degustação de torradinhas com frios, tomate seco e o azeite deles. Hummm! Pra terminar, uma bodega familiar, de produção mais artesanal. Muito bacana ver as diferenças no processo de seleção da uva, fermentação e armazenamento. Melhor ainda é participar de mais uma degustação. E essa tinha vinhos mais gostosos ainda. O rosé era demais!
Pronto, depois de dormir pouco, comer pouco e me encher de vinhos incríveis, eu estava morta com farofa, doida por uma noite tranquila de sono. E é justamente quando você mais precisa, que alguns seres do albergue resolvem tocar o rebu no meio da madrugada com música altíssima, gritaria e batuque. Pra melhorar, o passeio do dia seguinte seria intenso e eu teria que estar pronta às 7h da manhã. Não sabia que Murphy também tinha ido pra Mendoza. Quem convidou?
Nessa região o sol só aparece em torno de 8h30. Então às 7h, eu e Charlie (meu novo amiguinho americano) entramos no ônibus da excursão "Alta montaña", mas não sem antes dar uma boa reclamada do barulho com o povo da recepão e de constatar que o sanduíche (meu almoço) que eu havia guardado na geladeira do hostel tinha misteriosamente desaparecido. Murphy devia estar com fome. Ainda estava de noite, a calefação do veículo não estava ligada e a gente havia dormido mal. Mas quem se importa? O passeio desse segundo dia era pela Cordilheira dos Andes e já na primeira estrada, ao avistar ao longe a primeira montanha com topo nevado, o coração já encheu de alegria . A cada quilômetro, uma surpresa. Um rio, uma formação rochosa diferente, diversas cores inimagináveis (é rocha, não é ácido), friozinho de respeito e um céu tão azul que era difícil acreditar naquelas paisagens. Passamos por alguns povoados mínimos, onde os habitantes vivem basicamente do artesanato. Mas Puente del Inca, onde as rochas estranhamente ganham uma coloração amarelada, ganha uma aura mais sagrada: lá, o povo vende pedras de energia positiva e manto sagrado (aka Camisa do Mengão!!!).
Pra finalizar em grande estilo, chegamos ao Parque Nacional Aconcágua. Montanhas ainda mais lindas, lagos congelados e um tempo para a contemplação da parede sul do Aconcágua, a maior montanha da América. Um passeio mágico, perfeito para perceber o poder da natureza e admirar aquela obra toda tão grandiosa que ela fez sozinha.
Um comentário:
Muito legal. Esse lugar deve ser beeem interessante e, muda muito a pressão por estar a essa altura?
xD
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