domingo, novembro 27, 2011

Puerto Madryn / Península Valdés

Consegui! Há quase dois anos Puerto Madryn, na Argentina, estava na minha lista de lugares para ir logo. E agora, ao final da minha oitava e última ida ao país a trabalho, deu pra escapar um final de semana, juntar com um feriadinho brasileiro e ter tempo mínimo suficiente pra conhecer esse lugar tão lindo da Patagônia voltado pro Atlântico.

Puerto Madryn, na verdade, é o QG pra quem vai conhecer as atrações próximas dali. Hospedagem, restaurantes e agências de passeios estão majoritariamente lá, então essa é a pedida. Para chegar à cidade de avião, saindo de Buenos Aires, há vôos diretos da Andes três vezes na semana ou vôos diários a Trelew, uma cidade vizinha com um aeroporto maior. De lá, um micro-ônibus da empresa Eben Ezer faz o trajeto de uns 40 minutos até Puerto Madryn por 50 pesos.

No primeiro dia fiquei caminhando pela orla de Madryn. Pode-se alugar uma bicicleta e chegar mais rápido aos lugares. Eu cismei que queria ir até uma praia mais distante onde havia a carcaça de um navio naufragado (ou encalhado, sei lá). O mocinho do hostel me disse que o caminho até lá tinha umas partes íngremes (verdade!), então seria melhor eu ir andando pq não era muito longe, apenas uns 3 quilômetros (mentira!). Aí a boluda aqui foi caminhando, aproveitando a vista daquele mar lindo com areia meio estranha. Passei uma praia, passei outra praia e nada do tal navio. “Fica logo depois das dunas”, disse o amiguinho. Caraca, eu já tinha andado uns mil quilômetros por praias quase desertas até chegar nas tais dunas. Nem sinal do navio. E já eram 5 da tarde, o sol começando a baixar, Marcela se desesperando pensando em ter que fazer todo o caminho de volta. Não deu, gente. Tô até agora procurando a bodega do navio. E ainda voltei por um caminho mais longo porque a maré subiu e bloqueou uma passagem bacana por onde eu havia entrado na praia na ida e me achado super esperta.

 


Mas e daí que eu estava morta com farofa? O que importa é que no dia seguinte realizei minha maior vontade nessas terras. Eu queria ver baleias, essa é a verdade. Não um show da Shamu no Sea World, mas os bichos nadando felizes em seu habitat natural. E vi muito mais do que isso. No principal passeio da região você passa um dia inteirinho na Península Valdés (olhando a costa leste do mapa da Argentina, é aquele pedacinho de terra em formato de gota torta), uma reserva natural protegida onde bichinhos marítimos fofos vão, aproveitando as águas quentinhas do Atlântico, para acasalar e ter seus filhotes antes de se jogarem na aventura por aquele marzão de meu Deus. 

Primeira parada: Puerto Pirámide (também há hospedagem aqui, mas acho meio isolado demais da vida). Um barco leva a turistada até o meio do Golfo Novo, avista uma baleia franco-austral de longe, desliga o motor e espera. Os guias dizem que elas são animais selvagens e só fazem o que querem, então resta aos humaninhos com câmeras a posto aguardar a boa vontade e a aproximação dos bichos. E não é que eles vêm mesmo? O guia dizia: ”Lá vêm uma mãe e dois filhotes”. E eu, no auge da minha ignorância, só conseguia avistar uma baleiazinha ao longe e começava a achar que o cara tinha fumado alguma coisa muito forte pra ver tanto bicho assim. Mas ele estava certo, é claro. E quando aqueles filhotinhos de míseros 15 metros de comprimento chegaram a 30 cm do barco, com suas caudas lindas, meu coração pulou de alegria. Juro, foi emocionante ver as baleias de tão perto, saltando, mergulhando. E mesmo com aquelas colônias de parasitas na cabeça, elas são lindas. Feinhas, mas lindas, sabe como?




De volta à terra firme, ao longo da estrada, ainda se pode avistar várias espécies de animais terrestres. E cruza-se a península toda até Punta Norte para ver os lobos e leões marinhos. De longe, parecem sardinhas ao sol. Mas de perto são animais gordinhos, fofinhos e que emitem sons engraçados (que comentário de mulher!). E eles ficam lá, na beira da praia, sem se moverem muito porque, como estão em época de reprodução, não caçam. Passam meses sem comer, só trabalhando com a reserva do organismo. Com sorte, em alguns poucos meses do ano, é possível avistar orcas por aqui. “Sorte” pra gente, né? Porque elas só se aproximam da praia pra caçar os pobres dos leões marinhos. Nesse dia, eu não tive sorte de vê-las; os bichos tiveram a sorte de não vê-las.



A última parada, mas não menos importante, é Punta Cantor. E aqui eu realizei meu outro sonho: pinguins! Foi uma frustração na minha vida ter ido à Patagônia ano passado e não ter visto nenhumzinho. Mas dessa vez eles estavam ali, bem pertinho. Se coçando, tomando um solzinho gostoso e despertando em mim um espírito “Felícia”, doida pra apertá-los e levá-los pra minha casa. Coisa mais fofa!!!!!!!!!


Então só me restou a manhã do dia seguinte, antes de voltar pra casa. E eu, que estava totalmente apaixonada pelos bichinhos, queria fazer mais algum passeio, aproveitar até o último minuto. Mas com pouco tempo assim, eram ínfimas as possibilidades. No final, após relutar um pouco (mentira, eu relutei muito), lá fui eu fazer snorkeling com lobos marinhos. E entrei em pânico. Não por causa dos bichos, mas por causa da coisa toda de mergulho, roupinha apropriada, pé-de-pato, máscara, snorkel. Eu não sei nadar com esse bando de coisa acoplada em mim e não consigo respirar com aquela merda, não adianta. E não tem treinamento. O guia passa umas instruções rapidinhas no barco, a caminho da colônia de lobos de Punta Loma, e é isso aí. Se jogue na água e seja feliz (ou entre em desespero, no meu caso). Só depois de respirar errado, engolir água e mal conseguir me locomover, eu convenci o guia de que eu podia tirar a máscara e o snorkel. E aí, gente, a vida foi linda e eu desfrutei dessa experiência incrível e inimaginável de nadar e brincar com as foquinhas, fazer carinho e ganhar “beijos” e mordidinhas delas. Morri com tanta fofura. (Adoraria postar fotos desse momento aqui, mas a agência fez o favor de me entregar um CD em branco. Assim que eu receber o material certo, virá pra cá).        



Hostel: LaTosca, em Puerto Madryn. Fica a quatro quadras do centro e da praia. Tirando essa pequena distância, é altamente recomendado! O dono e os funcionários são extremamente receptivos e disponíveis, adoram ajudar com qualquer coisa. Os quartos são confortáveis, o jardim tem redes e o café da manhã tem tortas deliciosas feitas por eles. A de doce de leite é imperdível.

Colonia del Sacramento, Uruguai

Tinha apenas um fim de semana disponível em Buenos Aires, mas já conhecia todas as atrações desta linda cidade. O que fazer? Pegar o buquebus e atravessar o Río de la Plata em direção à Colonia del Sacramento, no Uruguai. Uma horinha de viagem a bordo de uma barca Rio-Niterói metida à besta, com free shop e decoração toda dourada (cafonice grita!).
   

Colonia é uma mistura de Paraty com Tiradentes. Foi colônia portuguesa durante muito tempo, por isso a semelhança nas ruas de pedras e casinhas coloridas. Tenho a impressão de que a população canina é superior à humana. E a cidade é tão pequenininha que dá pra conhecer tudo e mais um pouco em metade de um dia. Cheguei lá de manhã e antes de 15h já tinha caminhado por toda a “orla”, pelas praças e vielas, subido no farol, entrado em diversas lojinhas de artesanato e, obviamente, degustado o maravilhoso asado de tira uruguaio. E deu tempo de passar mais de uma vez pelos mesmos lugares. Ou seja, deu pra entender o quão pequena é, certo?






Mas isso não a subestima. Colonia é um lugar delicioso pra fazer absolutamente nada. Pedalar ou caminhar calmamente, só observando aquelas velhas construções e sentindo o vento que vem do rio. A vida ali passa sem pressa. 






 

segunda-feira, setembro 19, 2011

Cataratas do Iguaçu

Sabe aqueles lugares que você sempre quis conhecer, mas nunca se imaginou indo? Nem estou falando da Índia ou da China não. O destino em questão são as Cataratas do Iguaçu. É pertinho, todo mundo vai, e eu nunca o havia colocado na minha lista de prioridades. Mas agora, com essas idas constantes à Argentina, pensei “Por que não?”. E lá fui eu.

As Cataratas ficam bem na fronteira do Brasil com a Argentina, então são duas as opções de QG: Foz do Iguaçu, no lado brasileiro; Puerto Iguazu, no lado argentino. Como eu pegaria um voo de Buenos Aires, optei pela cidade dos hermanos. Eis que me vem a descoberta de que meu voo Rio-Buenos teria escala justamente em Puerto Iguazu. Só precisei de umas três horas pra fazer o mocinho do check-in da Aerolineas entender que eu e minha mala desembarcaríamos no meio do caminho.

Meu guia diz que, não fosse pela proximidade das Cataratas, Puerto Iguazu nem entraria no mapa. É verdade. Uma rodoviária, duas ruas de comércio e acabou a cidade. Tanto que a maioria dos hotéis fica distante, na beira da Ruta 12, estrada que leva ao Parque Nacional Iguazu. E foi neste vilarejo vibrante que eu cheguei praticamente virada. Imaginaram a emoção? Larguei os pertences no albergue e fui conhecer as redondezas até dar a hora de o quarto estar liberado. Fingindo que o sono era algo inexistente, fiz uma (boa) caminhada até a Tríplice Fronteira, onde Argentina, Brasil e Paraguai se beijam através do Rio Paraná. E isso é muito legal! Eu nunca tinha visto o Paraguai antes (ok, não que isso tenha mudado minha vida), mas é demais perceber que a distância entre os três países é tão ridícula. Tipo, dá pra ir nadando, sabe? Mas é melhor ir até a rodoviária e pegar um ônibus safado, desses comuns que existem em qualquer cidade, e dar um passeio ali em Foz. Na frente do busão, cor azul aguada, está escrito simplesmente “BRASIL”. Juro. Eu tive que reler umas mil vezes até aceitar que aquela condução simplória, dessas que você puxa a cordinha pra saltar, ia até o meu país como quem te leva no bairro vizinho.


E é dessa mesma rodoviária que saem os ônibus (praticamente de hora em hora) pro Parque Iguazu, um dos passeios mais surpreendentes que já fiz. Depois de uma tarde de sábado entregue aos braços de Morfeu, meu domingão começou bem cedo (eu = o único ser acordado em todo o hostel) rumo às famosas Cataratas. Esses ônibus especiais deixam a turistada bem na porta do lado argentino do Parque. Aí é só comprar o ticket, pegar o trenzinho até as quedas d’água e ser feliz.  Tudo bem que já estava bem cheio, e que estava chovendo. Então eu fiz um esforço um pouquinho maior pra ficar BEM feliz. 

E deu certo. Porque após caminhar por várias plataformas sobre águas calmas, dei de cara com a Garganta do Diabo, a maior queda de todas. E toda a minha idéia de cachoeira foi literalmente por água abaixo pela sensação indescritível que tomou conta do meu corpo. Não dá pra traduzir em palavras a força daquele negócio. Eu só conseguia olhar e pensar “Meu Deus”. É muita água, gente. É muito grande. Não parece de verdade. Aliás, não sei dizer o que parece. É coisa de outro mundo. Uma mistura de medo, alegria e estupefação. E nessa coisa toda de água, meus olhos obviamente se encheram dela.





A Garganta do Diabo é a catarata queen-mega-plus do Parque Iguazu, mas ainda há várias outras incríveis, lindas e fantásticas. E chega-se bem pertinho delas – a ponto de se molhar mesmo – por outros dois circuitos de passarelas: o inferior, para observá-las de baixo; e o superior, que passa por cima delas. É muita boniteza junta. Água, pedras, pássaros, quatis... muita foto pra tirar. Se num dia cinza e chuvoso já é assim, num dia de sol deve ser uma afronta às demais maravilhas da natureza. Ainda me arrisquei num passeio de barco que passa bem embaixo de algumas quedas, pois minhas roupas não estavam encharcadas o suficiente. Que delícia de banho frio! Depois de um batismo naquelas águas tão poderosas, eu voltei pro albergue com a energia renovada.
 


Mas como não posso abrir mão do meu título de Rainha dos vôos cancelados, é claro que eu cheguei no aeroporto à noite com a bela notícia de que a ida pra Buenos Aires, hahaha, só no outro dia.  À tarde. Até pagaram hotel pros passageiros, mas de nada adiantou meu drama de que eu perderia o emprego se não estivesse no escritório da capital argentina na manhã seguinte. “Aerolineas caga na sua cabeça” deveria ser o slogan deles. Alegaram que a fila de espera pros voos que sairiam mais cedo seria por ordem de chegada. Mas se todos os passageiros estavam no mesmo hotel e foram levados ao aeroporto todos juntos, como proceder? Na mesma lista, uma mãe era a 7ª da fila e seu filhinho de três anos, o terceiro. Não entendi. Desenha pra mim, tio? Bom, perdi um dia de trabalho, mas um rapaz mexicano de alma boa me cedeu o lugar dele num voo mais cedo. Fofo. Viva Mexico!

domingo, junho 26, 2011

Mendoza / Cordilheira dos Andes

Sempre quis conhecer Mendoza, cidadezinha argentina próxima ao Chile e famosa por ser a principal produtora de vinhos do país. E esse foi meu segundo destino no projeto “Fim de semana de aventura na América do Sul”. Ah, quanta diferença pra minha primeira viagem! Mendoza é pequenina, linda, fofa, limpa, organizada, tranquila e cheia de guardinhas nas ruas. Perfeita para um fim de semana a dois, a três ou praquele indivíduo que, como eu, vai sozinho e pega aquela amizade gostosa no albergue e nos passeios.

É facinho andar por lá. Mendoza tem uma praça principal (Independencia) e outras quatro menores em volta dispostas feito pontos cardeais (San Martin, Chile, Italia e España). Todas são uma graça, mas realmente a Plaza España e seus azulejos (com direito a homenagem a Don Quixote) são insuperáveis. As praças são um bom ponto de partida pra conhecer a cidade. E eu fiz esse conhecimento praticamente na correria porque cheguei de manhã cedinho e o primeiro passeio já estava marcado pra hora do almoço. Então, resumindo a loucura (pois comigo nada pode ser tranquilo): Rio-Buenos Aires sexta à noite; voo pra Mendoza só saía às 7h, pensei em dormir no aeroporto, mas estava frio e às moscas; ligação de emergência para a amiga Ciana, que me albergou durante quatro horas em sua casinha (sono providencial); chegada a Mendoza às 8h, taxi rápido pra cidade, chego no albergue e o quarto não está pronto; Marcela está exausta, com fome e precisa tomar banho, mas decide conhecer a cidade e providenciar um alimento no mercado antes da excursão. Faltando uma hora pra van passar no hostel, a pobre sai correndo do Carrefour, consegue tomar um banho a jato e vai comendo o sanduíche ali na van mesmo.

E se Mendoza é a cidade dos vinhos, é justíssimo que o primeiro passeio seja em vinículas (ou “bodegas”, como eles chamam). Primeiro, uma bodega “profissa”, com produção em larga escala, tudo rico e sofisticado. Ao fim, desgustação de todos os tipos de vinhos que ela produz. Ô que chato. E meu grupo de chilenos, italianos e americanos não comprou uma garrafinha sequer. Em seguida, como não só de vinhos vive o homem, uma paradinha estratégica numa fábrica artesanal de azeite de oliva. Alguém já imaginou como isso é produzido? Pois é, nem eu. Mas é um galpão não muito grande, super cheiroso (juro!), onde as azeitonas esmagadinhas em discos furados fazem pingar o azeite e voilà! No final, óbvio, degustação de torradinhas com frios, tomate seco e o azeite deles. Hummm! Pra terminar, uma bodega familiar, de produção mais artesanal. Muito bacana ver as diferenças no processo de seleção da uva, fermentação e armazenamento. Melhor ainda é participar de mais uma degustação. E essa tinha vinhos mais gostosos ainda. O rosé era demais!

Pronto, depois de dormir pouco, comer pouco e me encher de vinhos incríveis, eu estava morta com farofa, doida por uma noite tranquila de sono. E é justamente quando você mais precisa, que alguns seres do albergue resolvem tocar o rebu no meio da madrugada com música altíssima, gritaria e batuque. Pra melhorar, o passeio do dia seguinte seria intenso e eu teria que estar pronta às 7h da manhã. Não sabia que Murphy também tinha ido pra Mendoza. Quem convidou?

Nessa região o sol só aparece em torno de 8h30. Então às 7h, eu e Charlie (meu novo amiguinho americano) entramos no ônibus da excursão "Alta montaña", mas não sem antes dar uma boa reclamada do barulho com o povo da recepão e de constatar que o sanduíche (meu almoço) que eu havia guardado na geladeira do hostel tinha misteriosamente desaparecido. Murphy devia estar com fome. Ainda estava de noite, a calefação do veículo não estava ligada e a gente havia dormido mal. Mas quem se importa? O passeio desse segundo dia era pela Cordilheira dos Andes e já na primeira estrada, ao avistar ao longe a primeira montanha com topo nevado, o coração já encheu de alegria . A cada quilômetro, uma surpresa. Um rio, uma formação rochosa diferente, diversas cores inimagináveis (é rocha, não é ácido), friozinho de respeito e um céu tão azul que era difícil acreditar naquelas paisagens. Passamos por alguns povoados mínimos, onde os habitantes vivem basicamente do artesanato. Mas Puente del Inca, onde as rochas estranhamente ganham uma coloração amarelada, ganha uma aura mais sagrada: lá, o povo vende pedras de energia positiva e manto sagrado (aka Camisa do Mengão!!!).

Pra finalizar em grande estilo, chegamos ao Parque Nacional Aconcágua. Montanhas ainda mais lindas, lagos congelados e um tempo para a contemplação da parede sul do Aconcágua, a maior montanha da América. Um passeio mágico, perfeito para perceber o poder da natureza e admirar aquela obra toda tão grandiosa que ela fez sozinha.     












domingo, junho 05, 2011

Montevidéu (parte 2) - Carnaval, futebol, praia... e não é o Rio!

Depois de uma carne e um vinhozinho, o passeio pelas Ramblas foi bonito, viu? A melhor parte de Montevidéu, quando não se está degustando um churrasco ou um alfajor Punta Ballena (o melhor de todos, com mega recheio de doce de leite), é perto da “praia”. Incrível como a água traz uma energia diferente ao lugar. Mesmo não sendo um esplendor de beleza, luxo e sofisticação, é bastante agradável. Horas depois, vencida pela exaustão, peguei um ônibus pra voltar ao hostel e, olha que maravilha, ele deu tantas voltas que eu fiz praticamente um city tour pela cidade toda. 

Mas foi à noite, já no hostel, que eu me senti realizada. Na “noite das pizzas” promovida por eles, conheci tanta gente legal, de tantos lugares do mundo... e é quando isso acontece que eu sou mais feliz. Muito feliz. Em busca de um bar bem uruguaio, acabamos num Irish Pub ouvindo um uruguaio cantando Beatles. A melhor parte de Montevidéu! E a noite foi divertidíssima entre brasileiros, ingleses, americanos, australianos e irlandeses de sotaques incompreensíveis.

Montevidéu tem carnaval! Um dos mais famosos do país. E tem também Museu do Carnaval (Rio, vamos criar um decente? Grata.), pra onde eu me mandei nas primeiras horas do (almoço do) dia seguinte. Era domingo e as ruas da Ciudad Vieja estavam completamente desertas. Sério, não sei como eu me enfio nesses lugares. Claro que o museu não é grande nem cheio de coisas em exposição, mas foi bacana ver como o Carnaval é parecido e querido em diferentes partes do planeta.

Antes de deixar a cidade, uma passadinha pelo Monumental porque Marcela tem que conhecer todos os estádios do mundo. O jogo do Peñarol algumas horas depois não permitia o tour nesse dia, mas arrumei uma brechinha entre o portão e o muro pra dar uma espiadinha no campo e tentar tirar uma foto (horrível) das arquibancadas.

De volta a Buenos Aires, o avião ficou enrolando pra pousar e eu desesperada pra pegar o voo pro Rio. Cheguei no check-in meia hora antes da decolagem e ainda tive a cara de pau de pedir pro moço um lugar na janela. E não é que o cara me colocou na executiva? Gente, que diferença! A poltrona te abraça, dormir é facinho. Nunca mais chego cedo pra fazer check-in.



Montevidéu (parte 1) - O início da aventura sul-americana

Daí que Deus abriu uma janelinha pra mim e disse que eu iria trabalhar em Buenos Aires uma semana por mês enquanto a amiga Carol estivesse cuidando de seu pequeno e fofucho Lucas. E, além de uma oportunidade incrível de desenvolver meu castellano safado e conhecer gente nova, isso significa aproveitar os finais de semana pra me jogar nessa loucura desenfreada que é a América Latina. É bom estar de volta à estrada. E só eu sei como isso me faz bem. E nem preciso ir tão lá no fundo do meu ser pra saber o quão necessário isso é pra mim nesse momento. Primeiro destino: Montevidéu.

Um avião saindo de Buenos Aires chega lá em 35 minutos. É mais perto que Rio-São Paulo. Mais ridículo que isso só o fato de o Aeroparque (aeroporto pertinho do centro portenho) não ter guarda-volumes. E eu contava com isso pra largar minha mala grande e não precisar pagar 30 dólares à Pluna por bagagem despachada. Me ferrei bonito. Cheguei à capital do Uruguai tarde da noite, surpresa com a modernidade do aeroporto de Carrasco (vergonha-mor do Galeão). Arquitetura, organização, ambientação, tudo lindo! “Rá! Aqui vai ter guarda-volumes”, pensei. Não tem. E toma-lhe Marcelinha pegando um busão às 23h até o centro com mala de rodinhas. 

O ônibus me deixou no terminal rodoviário Tres Cruces. E foi ali, nessa rodoviária bem ajeitadinha (vergonha-mor da Novo Rio) que eu encontrei um guarda-volumes. Inacreditável. Deu de mil a zero naquela modernidade aeroportolesca. E sem compreender uma palavra do que dizia o taxista, cheguei ao albergue, “El Viajero”. Bem simples, com staff extremamente simpático. E fui contemplada com uma ser humana no meu quarto que roncava que nem homem. Eu, que nem estava exausta, apreciei a sinfonia.

De manhã cedinho, curtindo a simplicidade do café (pelo menos tinha doce de leite), ganhei a companhia de um casal de gringos. E quando falaram que eram ingleses, eu quase levantei da mesa (não é preconceito; tenho razões atuais para isso). Mas foram tão legais e fofos que eu me convenci que alguns britânicos se salvam. E como virão morar no Rio ano que vem, pegamos uma amizade forte!

E fui desbravar Montevidéu começando pelo bairro do albergue, Ciudad Vieja. É onde fica o porto (que não se pode visitar), o Mercado do Porto (o paraíso da variedade de carnes assando), alguns museus e... ninguém nas ruas. Me deu até medo, juro. Talvez por ser fim de semana estava tudo deserto. Silêncio. Eu só ouvia meus passos na calçada. E muitas partes da região não são nada bonitas, nem me pareceram muito seguras. E eis que um senhor acompanhado de um cachorro vestido com pulôver roxo (estava frio, gente!) puxou conversa dizendo pra eu tomar cuidado com assaltantes, pra não ficar com a câmera muito exposta, evitar algumas ruas e tal. Também falou pra eu ligar pra ele se quisesse sair à noite (senta, Claudia!) e, quando começou a xingar o cachorro de estúpido e maricón eu já queria estar bem longe dali.

No centro, ao redor da Plaza Independencia e ao longo da Av. 18 de Julio, já havia bem mais gente. Ufa! Todos com sua garrafinha térmica debaixo do braço e sua cuia de mate na mão. Todos mesmo! Deu até vontade de comprar uma. Mas ainda nada de extremamente interessante. Uma fome monstra já tomava conta de mim, mas eu tenho uma mania horrível de não entrar nos primeiros restaurantes que encontro por pura insegurança por estar sozinha. Bobeira total. Uma hora depois eu supero, é sempre assim. Entre sentir vergonha e morrer de fome, acabo ficando com a primeira opção. 

Ainda em busca de atrações um pouco mais interessantes e de um lugar pra comer, eis que avisto ao longe uma casa de parrilla. Foi como um oásis no meio do deserto. Assim que entrei, vi que havia outra mulher almoçando sozinha e me senti bem mais confortável. E foi ali que comi uma das melhores carnes da minha vida. Era um asado cheio de gordura e sabor que me fez sorrir novamente. Acompanhado de uma taça de vinho, então, me fez feliz pra sempre. As carnes da Argentina são incríveis, mas as do Uruguai são insuperáveis.

(continua...) 



segunda-feira, janeiro 17, 2011

Dicas rápidas - Patagônia argentina

Ushuaia – os principais passeios são:

*Barco pelo canal de Beagle (reservei no hostel, mas na beira do canal há várias casinhas/agências que vendem o passeio). Legal pra ver o Farol, pinguins, leões marinhos... Faz frio!

*Glaciar Martial: esse é de graça e não precisa de agência. Vc só paga o taxi até o pé da montanha e o aluguel da bota, caso precise. Um dos passeios mais lindos! Vc vai subindo a montanha cercada de neve (em abril tinha neve!).

*Museu do Presídio: não é o Guggenheim, mas é interessante. E tb não precisa de agência.

*Parque Nacional Terra do Fogo: não deu tempo de ir, mas dizem que vale a pena. Agências fazem o passeio, mas dá pra ir por conta própria.

*Recomendo o restaurante Sabores Patagonicos. Todo de madeirinha e serve uma delícia de sopinha de abóbora com parmesão.


El Calafate:

*Glaciar Perito Moreno: esse é o passeio mais incrível de todos! E o mais caro tb. Tem que reservar pela internet ou ir direto na agência Hielo y Aventura, que fica na avenida principal da cidade. O ônibus te busca no hotel e leva até o porto de onde sai o barco pro glaciar. E aí vc calça aqueles sapatos com “crampones” e faz uma caminhada pelo gelo. É demais! Paisagem mais linda da Patagônia!

*4x4 nos balcones: vc tb reserva numa agência na Av. Libertador. Tb não é barato. O jipe te busca no hotel e sobe as áridas montanhas em busca de aventura, paisagens bonitas, lebres e raposas. 

*Recomendo o restaurante “La vaca atada”, na Av. Libertador.