De repente, Califórnia. Não dá pra começar de outra maneira. É óbvio, eu sei, mas gosto de obviedades. E a Califórnia é cheia de todas as obviedades de que sempre ouvimos falar. Por outro lado, é tão surpreendente que é impossível não se apaixonar por ela. Surpresa e paixão definem os dias que passei em San Diego, minha primeira parada. A gente mal ouve falar de San Diego aqui no Brasil. Claro, Los Angeles e San Francisco pegam todos os holofotes pra elas. E quer saber? Sorte de San Diego, que consegue a proeza de ser um lugar encantador e sem aquela manada de turistas pelas ruas. Se eu pudesse defini-la em uma expressão, seria “Have a nice day”, pois é o que mais se escuta todos os dias, a qualquer hora, em todos os lugares. Não é forçação, é gentileza. As pessoas em San Diego são tão doces e simpáticas que dá vontade de sair abraçando todo mundo. É muito amor. Que sorte eu ter vindo pra cá.
Cheguei num
dia (bem) quente de verão, já pegando amizade com o motorista do shuttle e o
cara da recepção do hostel. Esse último, Sam, realmente era “O” cara!
Completamente despenteado, sempre com uma roupa bem mulamba, passava o dia
inteiro descalço e as noites bêbado e me deu as melhores dicas que eu poderia
receber. O maluco era o fervo! aluguei uma bike (que eu batizei de Dieguita) e
não poderia ter feito coisa melhor. Dieguita foi minha maior companheira:
passeamos por Seaport Village, pegamos a balsa (bikes são bem-vindas a bordo e
os ônibus têm um lugar especial pra elas, coisa de lugar evoluído) e passamos a
tarde inteirinha morrendo de amores por Coronado, uma ilhota com casas lindas, gente fofa e onde eu moraria fácil. Uma
paradinha estratégica pra molhar os pés no Pacífico e comprovar que 1) sim, a água
é muito gelada e 2) sim, o mar é lotado de algas pentelhas que enroscam na sua
perna. Continuando a pedalada e, opa, um casamento no meio do caminho, em plena
calçada, pra todo mundo ver. Adorei.
Pra terminar a tarde, ainda em Coronado, música ao vivo e de graça no Spreckels Park. Era o último dia de concerto porque o verão estava chegando ao fim. E o parque estava lotado de gente, vários grupos de amigos de todas as idades fazendo piqueniques, barraquinhas e mesas cheias de comida. Humilde que sou, sentei num cantinho e abri minha bolsa pra pegar um pedaço de pão singelinho e enganar o estômago. Eis que um anjo chamado Steve, um senhor cheio de outros amigos senhores, olhou pra mim e me convidou pra me juntar a eles e desfrutar de companhia e de todas aquelas comidinhas maravilhosas preparadas por eles mesmos. Gente, eu não conseguia acreditar naquilo. Meu primeiro dia numa terra desconhecida, num país não muito famoso pela receptividade, e fui acolhida por essas pessoas tão queridas, tão abertas que fiquei até sem graça. Juro, tive vontade de chorar de emoção. O sol foi baixando, o coração enchendo ainda mais de alegria e o papo rolando solto com a trupe do seu Steve. Ali eu sabia que minha viagem seria incrível.
Os ferries
entre San Diego e Coronado têm horas certas de saída, mas toda aquela mágica da
ilha obviamente me fez perder a hora. Até dei uma corrida com Dieguita, mas não
teve jeito: cheguei no porto e a barca tinha acabado de partir. Nada é por
acaso. Porque esperar a próxima partida sentindo aquele ventinho gostoso e
admirando San Diego toda iluminada do lado de lá da baía foi pra ser feliz pra
sempre.
Um comentário:
Como sempre, seus posts me fazem ficar coçando de vontade de viajar!! Acho que vou abrir um blog quando for pra Toronto só pra atiçar essa mesma vontade nos amigo tudo! Heheheh
Saudades, maninha!!
P.S.: Bora ver o vovô num fds desses? Queria ir lá antes de viajar...
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