25 Abril 2010 (Parte 2) – Entramos no voo da Aerolineas rumo a Buenos Aires, com escala em Bariloche, e lá estava ele. Sobrancelhas milimetricamente desenhadas; cabelo todo trabalhado na escova, pouco acima dos ombros; franja de lado, estilo emo; a pele morena-avermelhada como a de índio patachó. Medo.
Cauby (apelido carinhoso que demos a ele) era o chefe de comissários do voo. Nos recebeu na porta do avião com um esboço de sorriso (porque Cauby não era nada simpático), mais parecendo um mordomo de mansão mal-assombrada, só que bronzeado. Cauby não saía da porta da cabine do piloto. Mantinha-se ali com seu terno alinhado, braços cruzados, feições fechadas, olhando os passageiros como se pertencessem a uma espécie muito inferior à dele. Cauby intimidava.
Então paramos em Bariloche, umas pessoas desembarcaram e Cauby anunciou que a aeronave seria reabastecida e isso levaria uns minutos. E aí eu tive uma mega vontade de dar um pip’s. Havia um banheiro pertinho, o da primeira classe, bem ao lado de Cauby. Eu apenas levantei, olhei fundo nos olhos de Cauby (pânico!) e apontei pro banheiro. Cauby não moveu um músculo da face. Continuou de braços cruzados, fechou os olhos e, vagarosamente, fez que “não” com a cabeça. “Ah, deve ser porque é o banheiro da primeira classe", pensei. Apontei o banheiro da ralé, lá nos fundos do avião. Cauby não se deu ao trabalho de fazer algum outro movimento diferente. Não pode. Aí eu caprichei na minha cara de sofrimento, como se estivesse muito apertada (pior que eu estava mesmo!), e voltei ao meu lugar, rezando pra Cauby se comover.
Avião parado. Nada pra fazer. Cauby empatando minha ida ao banheiro. Vlad e eu começamos a imaginar os diálogos de Cauby com os demais membros do voo. Coisas como “Ai, capitão, o senhor fica um gato nesse terno”, “Só aturo primeira classe. Odeio pobre!” e “Sai daqui sua comissariazinha racha! Vai cuidar dos pobres da segunda classe”. Não sei de onde tirei forças pra não fazer xixi ali mesmo, porque a gente gargalhava de ficar se sacudindo e despertando olhares curiosos dos passageiros ao lado.
Muitas horas e risadas depois, vem Cauby pelo corredor, com aquele jeitinho machão que todo comissário de bordo tem (not!), para do meu lado (susto!), abre um sorriso (oi?) e diz que agora eu posso usar o banheiro e que antes não dava porque os passageiros devem ficar em seus lugares durante o reabastecimento do avião e blá blá blá whiskas sache saí correndo pro mísero toilette.
Só me arrependo de não ter tirado nenhuma fotinho de Cauby. Senão eu revelaria e colocaria na porta do meu banheiro.
Porra, Cauby!!
Sem beijos pra vc.
domingo, maio 09, 2010
quinta-feira, maio 06, 2010
El Calafate (Patagônia) - Viva a natureza!
25 Abril 2010 – Último dia na Patagônia, resolvemos fugir da neve (já deu, né?) e fazer um passeio diferente: 4 x 4 nas montanhas (ou “balcones”, como preferir) que ficam atrás da cidade. E o espírito de aventura que não largou meu corpinho nem um minuto!
O guia gente boa buscou todo mundo em seus respectivos hoteis e nosso grupinho-de-excursão-de-colégio foi formado por nós e mais dois casais de meia-idade. Medo de termos embarcado numa aventura geriátrica, mas mordi minha própria língua dois minutos depois das apresentações iniciais, momento em que nos tornamos amigos para sempre.
Deserto. Praticamente um desenho do Papa-Léguas. O jipe subia por uns caminhos bizarros, curvas sinuosas que beiravam o abismo. Uma das mulheres do grupo fechava os olhos e se encolhia de desespero. Enquanto isso, Alfredo e Marta, casal de médicos de Buenos Aires que hoje mora no meu coração, falavam alto e riam de tudo. Hilário! Caraca, eles eram muito animados! Amei!
A primeira parada é incrível, bem no alto da montanha, de onde se tem uma vista espetacular do Lago Argentino e dos picos nevados. Aí o guia começa a explicação: “Há não sei quantos zilhões de anos, quando todo esse lugar aqui ficava embaixo d’água...”. Peraí. Como assim?? Que água?? Pois é, minha gente, o lugar onde hoje tudo é marrom e seco, com vegetação fraca e rasteira, já foi lindamente um habitat aquático. Prova disso são as conchas e mariscos fossilizados em algumas pedras que vimos por lá. E eu que não dava nada por esse passeio já estaria quicando de empolgação, não fosse o frio absurdo que faz lá em cima.
Então por que aqui é deserto se logo ali adiante há montanhas nevadas? Simples. Porque o ar frio vem todo serelepe do Pacífico até encontrar a Cordilheira dos Andes. Aí os dois ficam na maior sacanagem e faz-se a neve. E aí a amada montanhinha em que nos encontramos, e algumas outras amiguinhas, ficam chupando dedo e tudo o que lhes resta é o arzinho seco, tadinhas.
Continuando a aventura, paramos para caminhar pelo “Labirinto de piedras” que, como o nome diz, é... um labirinto de pedras. Duh. Uma região com umas formações rochosas enormes e diferentes de tudo que eu já havia visto. Minha total ignorância geológica me impede de ir adiante na informação, mas sei dizer que é muito lindo! No chão, a areia cheia de buracos que são tocas de animais. Aí você olha pro lado e vê uma lebre fofa saltitante. Um lugar imenso, que transmite paz. O único som é o do vento.
Ali perto, enquanto a gente gastava toda a bateria da câmera, há um acampamento onde os guias já estavam todos na ativa preparando nosso almoço: bifes deliciosamente macios (viva a carne argentina!) no pão com tomate. Nossa, e o cheiro daquela carne na chapa era tão bom que também atraiu duas raposas que ficaram próximas da gente tentando garantir a refeição do dia. E eu achando que raposa era selvagem e atacava galinheiros. Essas pareciam dois cachorrinhos e vinham bem perto das mesas pegar uns restos de comida. E eu me sentindo o Indiana Jones! Depois, o cafezinho estupidamente quente era tudo o que eu precisava pra tentar reanimar meus músculos semi-congelados. E a última parada foi nas pedras dos “sombreros”, um outro tipo de formação em que a rocha parece estar coberta de chapéus de mexicano.
Ainda era cedo quando voltamos ao hostel, mas o check-out já estava feito e restavam algumas horas até o embarque. Alugamos duas bicicletas e saímos pedalando pela cidade vazia (porque era domingo e estava bem no horário da siesta – levada a sério por aqui). E foi tão legal me despedir dessa cidade fofa com uma pedalada às margens do lago e na avenida Libertador, e lembrar dos dois dias que passei ali (e pareceram muito mais, juro). Adorei Calafate! Indico a todo mundo!
Posso estar sendo repetitiva nos adjetivos, mas não há outra maneira de expressar. A Patagônia é linda demais! Diferente das outras viagens que fiz. Aqui é a natureza em seu estado mais puro, mais amplo, mais magnífico. Faz você se sentir mínimo e insignificante e, ao mesmo tempo, feliz e orgulhoso por fazer parte desse todo. Não quero parecer ativista do Greenpeace, mas também não tenho como deixar de ressaltar como o nosso planeta é maravilhoso e como a gente precisa cuidar bem dele. Toda viagem me faz crescer de alguma forma e essa me surpreendeu pela força, pelo poder da natureza. Fez bem pros olhos e pro coração. Gente, e é tão pertinho do Brasil!! Tá esperando o quê?
Beijos pra mãe natureza!
Apoio: Mundo Verde (tô brincando! rsrsrs)
PS: O próximo post é um bonus track.
O guia gente boa buscou todo mundo em seus respectivos hoteis e nosso grupinho-de-excursão-de-colégio foi formado por nós e mais dois casais de meia-idade. Medo de termos embarcado numa aventura geriátrica, mas mordi minha própria língua dois minutos depois das apresentações iniciais, momento em que nos tornamos amigos para sempre.
Deserto. Praticamente um desenho do Papa-Léguas. O jipe subia por uns caminhos bizarros, curvas sinuosas que beiravam o abismo. Uma das mulheres do grupo fechava os olhos e se encolhia de desespero. Enquanto isso, Alfredo e Marta, casal de médicos de Buenos Aires que hoje mora no meu coração, falavam alto e riam de tudo. Hilário! Caraca, eles eram muito animados! Amei!
A primeira parada é incrível, bem no alto da montanha, de onde se tem uma vista espetacular do Lago Argentino e dos picos nevados. Aí o guia começa a explicação: “Há não sei quantos zilhões de anos, quando todo esse lugar aqui ficava embaixo d’água...”. Peraí. Como assim?? Que água?? Pois é, minha gente, o lugar onde hoje tudo é marrom e seco, com vegetação fraca e rasteira, já foi lindamente um habitat aquático. Prova disso são as conchas e mariscos fossilizados em algumas pedras que vimos por lá. E eu que não dava nada por esse passeio já estaria quicando de empolgação, não fosse o frio absurdo que faz lá em cima.
Então por que aqui é deserto se logo ali adiante há montanhas nevadas? Simples. Porque o ar frio vem todo serelepe do Pacífico até encontrar a Cordilheira dos Andes. Aí os dois ficam na maior sacanagem e faz-se a neve. E aí a amada montanhinha em que nos encontramos, e algumas outras amiguinhas, ficam chupando dedo e tudo o que lhes resta é o arzinho seco, tadinhas.
Continuando a aventura, paramos para caminhar pelo “Labirinto de piedras” que, como o nome diz, é... um labirinto de pedras. Duh. Uma região com umas formações rochosas enormes e diferentes de tudo que eu já havia visto. Minha total ignorância geológica me impede de ir adiante na informação, mas sei dizer que é muito lindo! No chão, a areia cheia de buracos que são tocas de animais. Aí você olha pro lado e vê uma lebre fofa saltitante. Um lugar imenso, que transmite paz. O único som é o do vento.
Ali perto, enquanto a gente gastava toda a bateria da câmera, há um acampamento onde os guias já estavam todos na ativa preparando nosso almoço: bifes deliciosamente macios (viva a carne argentina!) no pão com tomate. Nossa, e o cheiro daquela carne na chapa era tão bom que também atraiu duas raposas que ficaram próximas da gente tentando garantir a refeição do dia. E eu achando que raposa era selvagem e atacava galinheiros. Essas pareciam dois cachorrinhos e vinham bem perto das mesas pegar uns restos de comida. E eu me sentindo o Indiana Jones! Depois, o cafezinho estupidamente quente era tudo o que eu precisava pra tentar reanimar meus músculos semi-congelados. E a última parada foi nas pedras dos “sombreros”, um outro tipo de formação em que a rocha parece estar coberta de chapéus de mexicano.
Ainda era cedo quando voltamos ao hostel, mas o check-out já estava feito e restavam algumas horas até o embarque. Alugamos duas bicicletas e saímos pedalando pela cidade vazia (porque era domingo e estava bem no horário da siesta – levada a sério por aqui). E foi tão legal me despedir dessa cidade fofa com uma pedalada às margens do lago e na avenida Libertador, e lembrar dos dois dias que passei ali (e pareceram muito mais, juro). Adorei Calafate! Indico a todo mundo!
Posso estar sendo repetitiva nos adjetivos, mas não há outra maneira de expressar. A Patagônia é linda demais! Diferente das outras viagens que fiz. Aqui é a natureza em seu estado mais puro, mais amplo, mais magnífico. Faz você se sentir mínimo e insignificante e, ao mesmo tempo, feliz e orgulhoso por fazer parte desse todo. Não quero parecer ativista do Greenpeace, mas também não tenho como deixar de ressaltar como o nosso planeta é maravilhoso e como a gente precisa cuidar bem dele. Toda viagem me faz crescer de alguma forma e essa me surpreendeu pela força, pelo poder da natureza. Fez bem pros olhos e pro coração. Gente, e é tão pertinho do Brasil!! Tá esperando o quê?
Beijos pra mãe natureza!
Apoio: Mundo Verde (tô brincando! rsrsrs)
PS: O próximo post é um bonus track.
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quarta-feira, maio 05, 2010
El Calafate (Patagônia) - Perita em Morenos
24 Abril 2010 – Minha vontade de conhecer a Patagônia surgiu assim que vi as fotos do meu super amigo Bruno no Glaciar Perito Moreno. Foi bater o olho e sentir: “Preciso ir a esse lugar”. Não sabia que seria logo, mas essa introdução foi só pra vcs entenderem a magnitude do dia de hoje. O dia do Perito Moreno.
De Calafate à geleira são 80km de distância. Mais ou menos uma hora de viagem com paisagens inacreditáveis de deserto, neve e as águas verdes do Lago Argentino. Coisa linda de Deus. Reservamos o passeio na véspera, diretamente na Hielo y Aventura, agência responsável pelas excursões e que fica na avenida principal da cidade, bem facinho de encontrar. O ônibus da empresa busca e depois deixa todo mundo na porta dos hoteis. Pudera. Esse foi o passeio mais caro de toda a viagem. Mas valeu a pena cada centavinho.
Chegamos ao parque nacional (com entrada que se paga à parte, lá na hora, 75 pesos pra estrangeiros) e, numa paradinha estratégica para aquele pip’s emergencial, adivinha quem encontramos? Aquela belíssima família de Ushuaia, toda trabalhada na feiúra, gente! Ai, que susto! Hahaha! Bom, aí mais à frente a turistada desce toda do ônibus e pega um barco. E nesse caminho eu já estava me sentindo o Amir Klynk, navegando por águas gélidas, pequenos icebergs e muitos pedacinhos de gelo. E eis que ele surge, o Perito, ainda ao longe, mas já imponente. E quanto mais nos aproximávamos e íamos percebendo a extensão do bicho, mais impressionante se tornava. O povo do barco alternava momentos de silêncio contemplativo com alguns “Ooooohhhh!!!” de completa perplexidade.
A caminhada começa ainda em terra, por uma trilha no bosque que leva ao glaciar. Aquela vontadezinha quase incontrolável de sair correndo e me jogar naquele gelo todo, nossa! Mas antes tem que calçar os “crampones”, aqueles sapatos com a sola cheia de pinos que proporcionam a aderência de nossos lindos pezinhos na neve. O guia também dá uma aulinha rápida sobre os princípios básicos dos crampones (pés sempre afastados, passos firmes, desça com passinhos curtos, suba com pés abertos feito pinguim). Fácil, não?
Não. O gelo aqui é duro. Muito mesmo. Não é aquela neve fofa que a gente usou pra fazer bonequinho no Glaciar Martial. É um gelo antigo. Segundo o guia, a neve da parte frontal do Perito Moreno (a que se desprende constantemente) tem entre 300 e 500 anos!! E que a altura da parede, contando a parte que está submersa, é equivalente à de um prédio de 20 andares! Ou seja, Morenão não está de brincadeira. Gente, e o vento? Caraca! Um vento que quase me derrubava quando eu parava pra tirar uma foto. Então o guia vai moldando escadinhas nas partes mais íngremes e todos têm que andar em fila. Eu era a penúltima da fila e, numa dessas, passei por uma ladeirinha cheia de pedrinhas de gelo soltas e confesso que quase realizei minha vontade de beijar o chão. Os crampones não se fixaram na neve, um pé ficou muito perto do outro, os grampos da sola rasgaram a barra da calça (detalhe: alugada!), o coração veio na boca e... eu fiquei lindamente em pé, que nem Diega Hipólyto no fim da apresentação, porque eu sou ninja, cara! Tá achando o quê? Uma moça com excesso de massa corporal não conseguiu fazer a caminhada porque mal conseguia subir a escada pra entrar no ônibus. Mas eu, logo eu, não poderia pagar esse mico e me estatelar naquela imensidão branca. Morenão ficou orgulhoso de mim.
Mas tirando esse pequeno susto, o mini trekking foi uma experiência única. Toda a minha falta de jeito com os sapatos, aquela quantidade tão grande de gelo tão perto de mim, o contraste com o céu, a água que ficava entre as fendas e era de um azul tão magnífico que parecia photoshop, todos os desenhos que o gelo formava, tudo parecia tão irreal que até agora eu duvido que estive realmente lá. Foi ótimo ficar andando toda errada enquanto os guias davam passos enormes, cheios de ginga e desenvoltura. Ah, e ainda celebramos o fim da jornada com um copo de whisky e gelo retirado adivinha de onde? Dali mesmo. Hehehe.
Antes de voltar a Calafate, paramos nas diversas plataformas de observação do glaciar (mais altas, mais baixas, mais próximas, mais distantes...), perfeitas para se ter uma noção um pouquinho maior do tamanho do Morenão. Gente, e que morenão!!! Ai, como era grande!! E ali, de frente praquela paredona azul e branca, presenciamos o desprendimento de um pedação de gelo, que mergulhou na água em câmera lenta logo após um estrondo que parecia trovão. Aí a coisa ficou muito mais divertida porque, a cada estrondo, a gente já buscava em toda a extensão da parede frontal a parte que estava caindo. Esses desprendimentos acontecem o dia inteiro, mas toda hora que víamos dava vontade de pular e ficar apontando que nem criança quando vai ao zoológico pela primeira vez.
Foi tanta emoção que dormi a viagem inteira até Calafate. E assim, lindos, aventureiros e felizes, comemoramos a bênção de conhecer um lugar tão bonito por natureza com uma comidinha sensacional no La Vaca Atada (La Vaca Atolada, segundo o Vlad), restaurante fofo e com o garçom mais simpático e sorridente de toda a Patagônia. Delícia de cordeiro (vale a pena experimentar!) e tiramisu. Huuuuuuummmm...
Beijo, Morenão.
De Calafate à geleira são 80km de distância. Mais ou menos uma hora de viagem com paisagens inacreditáveis de deserto, neve e as águas verdes do Lago Argentino. Coisa linda de Deus. Reservamos o passeio na véspera, diretamente na Hielo y Aventura, agência responsável pelas excursões e que fica na avenida principal da cidade, bem facinho de encontrar. O ônibus da empresa busca e depois deixa todo mundo na porta dos hoteis. Pudera. Esse foi o passeio mais caro de toda a viagem. Mas valeu a pena cada centavinho.
Chegamos ao parque nacional (com entrada que se paga à parte, lá na hora, 75 pesos pra estrangeiros) e, numa paradinha estratégica para aquele pip’s emergencial, adivinha quem encontramos? Aquela belíssima família de Ushuaia, toda trabalhada na feiúra, gente! Ai, que susto! Hahaha! Bom, aí mais à frente a turistada desce toda do ônibus e pega um barco. E nesse caminho eu já estava me sentindo o Amir Klynk, navegando por águas gélidas, pequenos icebergs e muitos pedacinhos de gelo. E eis que ele surge, o Perito, ainda ao longe, mas já imponente. E quanto mais nos aproximávamos e íamos percebendo a extensão do bicho, mais impressionante se tornava. O povo do barco alternava momentos de silêncio contemplativo com alguns “Ooooohhhh!!!” de completa perplexidade.
A caminhada começa ainda em terra, por uma trilha no bosque que leva ao glaciar. Aquela vontadezinha quase incontrolável de sair correndo e me jogar naquele gelo todo, nossa! Mas antes tem que calçar os “crampones”, aqueles sapatos com a sola cheia de pinos que proporcionam a aderência de nossos lindos pezinhos na neve. O guia também dá uma aulinha rápida sobre os princípios básicos dos crampones (pés sempre afastados, passos firmes, desça com passinhos curtos, suba com pés abertos feito pinguim). Fácil, não?
Não. O gelo aqui é duro. Muito mesmo. Não é aquela neve fofa que a gente usou pra fazer bonequinho no Glaciar Martial. É um gelo antigo. Segundo o guia, a neve da parte frontal do Perito Moreno (a que se desprende constantemente) tem entre 300 e 500 anos!! E que a altura da parede, contando a parte que está submersa, é equivalente à de um prédio de 20 andares! Ou seja, Morenão não está de brincadeira. Gente, e o vento? Caraca! Um vento que quase me derrubava quando eu parava pra tirar uma foto. Então o guia vai moldando escadinhas nas partes mais íngremes e todos têm que andar em fila. Eu era a penúltima da fila e, numa dessas, passei por uma ladeirinha cheia de pedrinhas de gelo soltas e confesso que quase realizei minha vontade de beijar o chão. Os crampones não se fixaram na neve, um pé ficou muito perto do outro, os grampos da sola rasgaram a barra da calça (detalhe: alugada!), o coração veio na boca e... eu fiquei lindamente em pé, que nem Diega Hipólyto no fim da apresentação, porque eu sou ninja, cara! Tá achando o quê? Uma moça com excesso de massa corporal não conseguiu fazer a caminhada porque mal conseguia subir a escada pra entrar no ônibus. Mas eu, logo eu, não poderia pagar esse mico e me estatelar naquela imensidão branca. Morenão ficou orgulhoso de mim.
Mas tirando esse pequeno susto, o mini trekking foi uma experiência única. Toda a minha falta de jeito com os sapatos, aquela quantidade tão grande de gelo tão perto de mim, o contraste com o céu, a água que ficava entre as fendas e era de um azul tão magnífico que parecia photoshop, todos os desenhos que o gelo formava, tudo parecia tão irreal que até agora eu duvido que estive realmente lá. Foi ótimo ficar andando toda errada enquanto os guias davam passos enormes, cheios de ginga e desenvoltura. Ah, e ainda celebramos o fim da jornada com um copo de whisky e gelo retirado adivinha de onde? Dali mesmo. Hehehe.
Antes de voltar a Calafate, paramos nas diversas plataformas de observação do glaciar (mais altas, mais baixas, mais próximas, mais distantes...), perfeitas para se ter uma noção um pouquinho maior do tamanho do Morenão. Gente, e que morenão!!! Ai, como era grande!! E ali, de frente praquela paredona azul e branca, presenciamos o desprendimento de um pedação de gelo, que mergulhou na água em câmera lenta logo após um estrondo que parecia trovão. Aí a coisa ficou muito mais divertida porque, a cada estrondo, a gente já buscava em toda a extensão da parede frontal a parte que estava caindo. Esses desprendimentos acontecem o dia inteiro, mas toda hora que víamos dava vontade de pular e ficar apontando que nem criança quando vai ao zoológico pela primeira vez.
Foi tanta emoção que dormi a viagem inteira até Calafate. E assim, lindos, aventureiros e felizes, comemoramos a bênção de conhecer um lugar tão bonito por natureza com uma comidinha sensacional no La Vaca Atada (La Vaca Atolada, segundo o Vlad), restaurante fofo e com o garçom mais simpático e sorridente de toda a Patagônia. Delícia de cordeiro (vale a pena experimentar!) e tiramisu. Huuuuuuummmm...
Beijo, Morenão.
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domingo, maio 02, 2010
Ushuaia / El Calafate (Patagônia) - Extremos
23 Abril 2010 – Nas últimas horas em Ushuaia partimos pro Museu do Presídio. Isso porque, antes de se tornar a cidade que é hoje, Ushuaia era mesmo o fim do mundo, terra gélida e desinteressante. Então construíram um presídio para onde levavam os bandidos de mais alta periculosidade do país. E a galera morria de medo de ir pra lá. Pudera. Vai fugir pra onde? A nado pra Antártida? Aliás, o próprio museu conta histórias de presos que fugiram e se entregaram novamente porque não aguentaram o frio! O material está todo exposto no que eram as celas e, em algumas delas, há bonecos em tamanho real dos presos que viviam ali. Caraca! Eu tomei cada susto inacreditável com aqueles bonecos! Entrava numa cela e achava que era gente de verdade. Medo!
Mas nada supera o medo que tivemos de uma família que chegou lá na mesma hora que a gente pra visitar o museu. Eu sei que julgamento é uma das coisas mais abomináveis da vida, mas que gente feia, meu Deus!!!! Me perdoem, mas eu tive que falar isso.
E chegou a hora de partirmos pra segunda etapa da aventura patagônica: El Calafate. Rachamos o taxi até o aeroporto com dois holandeses do nosso hostel e tive um papo interessante com a menina sobre a ideia que as pessoas de fora fazem de Amsterdam e como a cidade realmente é (careta e famíliar).
O voo atrasou, estávamos mofando na sala de embarque e eis que surge... a família feia! Jesus, ela foi no mesmo avião que a gente. Que sorte. Mas antes a família feia que as três argentinas sentadas na fileira de trás que não calavam a porra da boca! Caceeeeeeeeeeta, elas não paravam de falar, que coisa! E depois de várias paisagens lindas, picos nevados, montanhas e lagos de água verde, chegamos a Calafate. O aeroporto fica bem distante do centro, então você tem duas opções: pegar um taxi com preço fechado de 80 pesos ou pegar uma van, que também te deixa na porta do albergue, por 23 pesos. Hummm, que escolha difícil, hein! NOT. Sério, não consigo entender quem opta pelo taxi (a menos que esteja num grupo de quatro pessoas). Se bem que assim não se corre o risco de pegar a van com as três tagarelas. E é óbvio que nós fomos abençoados com a presença delas mais uma vez. Sempre falando, é claro.
Calafate é uma coisa muito louca. Um lugarzinho no meio do nada, cercado por montanhas que parecem um deserto (com vegetação árida, marrom, seca) e por outras cobertas de neve, um pouco mais ao longe. Parecem duas cidades completamente diferentes, e isso dá um charme todo especial ao local. Que, aliás, é uma graça! Que cidade mais fofa! Tem uma avenida principal, a Libertador, que concentra o comércio e as agências que oferecem vários passeios diferentes. A quantidade de sinais de trânsito é inversamente proporcional ao número de lojinhas de souvenirs que vendem as mesmas coisas.
Almoçamos um frango à parmegiana que não cabia no prato de tão grande que era! Como de costume, pedi uma cerveja local, feita com calafate, a frutinha que dá nome à cidade. Interessante. Ainda reservamos o passeio do dia seguinte e entramos em praticamente todas as lojinhas da Libertador. Às vezes nem era pra ver nada em especial, mas pra fugir do frio mesmo. Uma ótima pedida! E aí voltamos pro hostel, que é maravilhoso! Glaciar Libertador é o nome. Uma casa linda, toda em madeirinha, staff gente boa, internet grátis, quartos bons (estamos em baixa temporada, então está bem vazio). Uma fofura, aliás, como tudo nessa cidade. As casinhas todas parecem de boneca. A única exceção é o cassino, que não tem nada a ver com nada, uma coisa horrorosa, cheio de luzes cafonas, um estilo Las Vegas que realmente não combina com isso aqui.
E amanhã: passeio no Glaciar Perito Moreno!! Ansiedade toma conta da minha pessoa.
Beijo, família feinha!
Mas nada supera o medo que tivemos de uma família que chegou lá na mesma hora que a gente pra visitar o museu. Eu sei que julgamento é uma das coisas mais abomináveis da vida, mas que gente feia, meu Deus!!!! Me perdoem, mas eu tive que falar isso.
E chegou a hora de partirmos pra segunda etapa da aventura patagônica: El Calafate. Rachamos o taxi até o aeroporto com dois holandeses do nosso hostel e tive um papo interessante com a menina sobre a ideia que as pessoas de fora fazem de Amsterdam e como a cidade realmente é (careta e famíliar).
O voo atrasou, estávamos mofando na sala de embarque e eis que surge... a família feia! Jesus, ela foi no mesmo avião que a gente. Que sorte. Mas antes a família feia que as três argentinas sentadas na fileira de trás que não calavam a porra da boca! Caceeeeeeeeeeta, elas não paravam de falar, que coisa! E depois de várias paisagens lindas, picos nevados, montanhas e lagos de água verde, chegamos a Calafate. O aeroporto fica bem distante do centro, então você tem duas opções: pegar um taxi com preço fechado de 80 pesos ou pegar uma van, que também te deixa na porta do albergue, por 23 pesos. Hummm, que escolha difícil, hein! NOT. Sério, não consigo entender quem opta pelo taxi (a menos que esteja num grupo de quatro pessoas). Se bem que assim não se corre o risco de pegar a van com as três tagarelas. E é óbvio que nós fomos abençoados com a presença delas mais uma vez. Sempre falando, é claro.
Calafate é uma coisa muito louca. Um lugarzinho no meio do nada, cercado por montanhas que parecem um deserto (com vegetação árida, marrom, seca) e por outras cobertas de neve, um pouco mais ao longe. Parecem duas cidades completamente diferentes, e isso dá um charme todo especial ao local. Que, aliás, é uma graça! Que cidade mais fofa! Tem uma avenida principal, a Libertador, que concentra o comércio e as agências que oferecem vários passeios diferentes. A quantidade de sinais de trânsito é inversamente proporcional ao número de lojinhas de souvenirs que vendem as mesmas coisas.
Almoçamos um frango à parmegiana que não cabia no prato de tão grande que era! Como de costume, pedi uma cerveja local, feita com calafate, a frutinha que dá nome à cidade. Interessante. Ainda reservamos o passeio do dia seguinte e entramos em praticamente todas as lojinhas da Libertador. Às vezes nem era pra ver nada em especial, mas pra fugir do frio mesmo. Uma ótima pedida! E aí voltamos pro hostel, que é maravilhoso! Glaciar Libertador é o nome. Uma casa linda, toda em madeirinha, staff gente boa, internet grátis, quartos bons (estamos em baixa temporada, então está bem vazio). Uma fofura, aliás, como tudo nessa cidade. As casinhas todas parecem de boneca. A única exceção é o cassino, que não tem nada a ver com nada, uma coisa horrorosa, cheio de luzes cafonas, um estilo Las Vegas que realmente não combina com isso aqui.
E amanhã: passeio no Glaciar Perito Moreno!! Ansiedade toma conta da minha pessoa.
Beijo, família feinha!
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sábado, maio 01, 2010
Ushuaia (Patagônia) - Arriba!
22 Abril 2010 – Para o segundo dia da nossa incrível jornada planejamos uma subida ao Glaciar Martial, que fica bem próximo ao centro de Ushuaia. E o bom de passeio natureza é acordar cedo pra aproveitar o tempo. Aí o relógio despertou às 8h e... ainda estava de noite! Como assim? Eu estava super esperando um solzinho me dando bom dia, olhei pela janela e parecia ser 8h da noite. Levantei achando que alguém estava me fazendo de trouxa, tipo a Amélie Poulin quando fez o moço da quitanda acordar bem mais cedo que de costume.
Para chegar ao Glaciar é fácil: basta pegar um taxi na cidade e ele te deixa no pé da montanha, onde começa a subida. Dá pra ir a pé até esse ponto, mas é um caminho bem demorado. O taxi até lá dá uns 18 pesos (faça a conversão aí e seja feliz. A Argentina é o paraíso dos brasileiros! Nossa moeda vale o dobro, é quase piada). Bom, aí eu avistei aquela paisagem linda, toda branquinha, com neve fresquinha (havia nevado de madrugada), saltei do taxi toda empolgada e quase fui com a cara no chão! Haviam me dito que era tranqüilo andar na neve de tênis, mas não com o MEU tênis, todo trabalhado na sola lisa. Sorte que, próximo dali, há um restaurante/escola de esqui, onde um simpatiquinho chamado Pedro me alugou um par de botas específicas pra neve por 15 pesos (sim, R$7,50!).
Aí a vida foi linda! O caminho de subida pelo bosque foi uma experiência incrível! E eu me dei conta de que toda a neve que havia visto na vida é pinto perto da que estava ali à nossa volta. O chão todo branco, árvores, troncos e pontes cobertos de neve, cachoeiras congeladas. Não parecia real. Parecia mais filme de Natal, e que iríamos dar de cara com a casa do Papai Noel a qualquer momento. Isso porque, na noite anterior, encontramos um canteiro de uma pracinha na cidade coberto com um pouquinho de neve e já foi emocionante, veja só! Ficamos que nem uns paraíbas tirando foto com aquela miséria de gelo na graminha sem ter noção do que veríamos no dia seguinte.
Levamos umas duas horas subindo, tirando um trilhão de fotos e sambando no gelo (sim, como nunca antes na história daquele país!). A paisagem tinha a inacreditável capacidade de ficar ainda mais bonita a cada metro subido. Aquela imensidão branca, o céu que ficava azul às vezes, a vista da Baía de Ushuaia lá embaixo. Mas três momentos específicos ficarão guardados pra sempre na memória. O primeiro era quando a gente andava e o pé afundava tanto que o gelo ia quase até o joelho. Em alguns trechos a camada de neve era tão alta que eu andava engatinhada pra não afundar. Hahahaha! A segunda foi quando eu passei por uma pontezinha e logo na saída tomei o maior escorregão, daqueles que jogam suas duas pernas pra cima e te fazem cair de bunda, que nem desenho animado. Aí o Vlad riu, foi lá me ajudar a levantar e caiu também! Kkkkkkk!! Boludos! E o terceiro era um sonho de criança (culpa do cinema americano, certamente): tirei as luvas, perdi a pouca sensibilidade que ainda tinha nas mãos e fiz com o Vlad o boneco de neve mais cuti-cuti do universo! Cara, meu filhinho de neve era a coisa mais linda, fofa e sorridente que aquele Glaciar já viu. E, como ele marcou nossas vidas, decidimos prestar uma justa homenagem à ascensorista do Galeão e o batizarmos de Osvaldízio (na Argentina se diz “Ôrbaldício”). Afinal, um bonequinho tão belo merecia um nome à sua altura.
Na volta, almoçamos no tal restaurante que abriga a escola de esqui. Uma delícia de prato que era tipo uma sopa com legumes e carne de cordeiro, acompanhado da cerveja local e artesanal Cape Horn. Porque nessa viagem eu inventei que experimentaria todas as cervejas locais, e essa foi a melhor de todas, acredite. Descemos andando até a cidade, passando por vários daqueles hoteis enormes, cheios de neve no telhado e aparentemente vazios, como o do “Iluminado”. Caraca, não chegava nunca! Muito longe, frio, cansaço. A recompensa foi entrar num café/chocolateria e aquecer o coração com um delicioso submarino (barra de chocolate mergulhada no leite quente expresso).
À noite ainda fomos ao pub Dublin, o mais famoso de Ushuaia, onde pegamos amizade fortíssima com duas gaúchas, Raquel e Lu, fofas até dizer chega! Parecia que a gente se conhecia há anos! Bom demais! O garçom sem noção era bem gente boa, e os espanhois mulherengos também eram fanfarrões divertidos. Então eu pedi a cerveja especial do pub, fui botar no copo e era... verde. Tipo água de pântano. Tipo Listerine. Perfeita para celebrar nossa última noite no “fin del mundo”.
Beijo, Osvaldízio!
Mamãe te ama.
Para chegar ao Glaciar é fácil: basta pegar um taxi na cidade e ele te deixa no pé da montanha, onde começa a subida. Dá pra ir a pé até esse ponto, mas é um caminho bem demorado. O taxi até lá dá uns 18 pesos (faça a conversão aí e seja feliz. A Argentina é o paraíso dos brasileiros! Nossa moeda vale o dobro, é quase piada). Bom, aí eu avistei aquela paisagem linda, toda branquinha, com neve fresquinha (havia nevado de madrugada), saltei do taxi toda empolgada e quase fui com a cara no chão! Haviam me dito que era tranqüilo andar na neve de tênis, mas não com o MEU tênis, todo trabalhado na sola lisa. Sorte que, próximo dali, há um restaurante/escola de esqui, onde um simpatiquinho chamado Pedro me alugou um par de botas específicas pra neve por 15 pesos (sim, R$7,50!).
Aí a vida foi linda! O caminho de subida pelo bosque foi uma experiência incrível! E eu me dei conta de que toda a neve que havia visto na vida é pinto perto da que estava ali à nossa volta. O chão todo branco, árvores, troncos e pontes cobertos de neve, cachoeiras congeladas. Não parecia real. Parecia mais filme de Natal, e que iríamos dar de cara com a casa do Papai Noel a qualquer momento. Isso porque, na noite anterior, encontramos um canteiro de uma pracinha na cidade coberto com um pouquinho de neve e já foi emocionante, veja só! Ficamos que nem uns paraíbas tirando foto com aquela miséria de gelo na graminha sem ter noção do que veríamos no dia seguinte.
Levamos umas duas horas subindo, tirando um trilhão de fotos e sambando no gelo (sim, como nunca antes na história daquele país!). A paisagem tinha a inacreditável capacidade de ficar ainda mais bonita a cada metro subido. Aquela imensidão branca, o céu que ficava azul às vezes, a vista da Baía de Ushuaia lá embaixo. Mas três momentos específicos ficarão guardados pra sempre na memória. O primeiro era quando a gente andava e o pé afundava tanto que o gelo ia quase até o joelho. Em alguns trechos a camada de neve era tão alta que eu andava engatinhada pra não afundar. Hahahaha! A segunda foi quando eu passei por uma pontezinha e logo na saída tomei o maior escorregão, daqueles que jogam suas duas pernas pra cima e te fazem cair de bunda, que nem desenho animado. Aí o Vlad riu, foi lá me ajudar a levantar e caiu também! Kkkkkkk!! Boludos! E o terceiro era um sonho de criança (culpa do cinema americano, certamente): tirei as luvas, perdi a pouca sensibilidade que ainda tinha nas mãos e fiz com o Vlad o boneco de neve mais cuti-cuti do universo! Cara, meu filhinho de neve era a coisa mais linda, fofa e sorridente que aquele Glaciar já viu. E, como ele marcou nossas vidas, decidimos prestar uma justa homenagem à ascensorista do Galeão e o batizarmos de Osvaldízio (na Argentina se diz “Ôrbaldício”). Afinal, um bonequinho tão belo merecia um nome à sua altura.
Na volta, almoçamos no tal restaurante que abriga a escola de esqui. Uma delícia de prato que era tipo uma sopa com legumes e carne de cordeiro, acompanhado da cerveja local e artesanal Cape Horn. Porque nessa viagem eu inventei que experimentaria todas as cervejas locais, e essa foi a melhor de todas, acredite. Descemos andando até a cidade, passando por vários daqueles hoteis enormes, cheios de neve no telhado e aparentemente vazios, como o do “Iluminado”. Caraca, não chegava nunca! Muito longe, frio, cansaço. A recompensa foi entrar num café/chocolateria e aquecer o coração com um delicioso submarino (barra de chocolate mergulhada no leite quente expresso).
À noite ainda fomos ao pub Dublin, o mais famoso de Ushuaia, onde pegamos amizade fortíssima com duas gaúchas, Raquel e Lu, fofas até dizer chega! Parecia que a gente se conhecia há anos! Bom demais! O garçom sem noção era bem gente boa, e os espanhois mulherengos também eram fanfarrões divertidos. Então eu pedi a cerveja especial do pub, fui botar no copo e era... verde. Tipo água de pântano. Tipo Listerine. Perfeita para celebrar nossa última noite no “fin del mundo”.
Beijo, Osvaldízio!
Mamãe te ama.
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