quinta-feira, maio 06, 2010

El Calafate (Patagônia) - Viva a natureza!

25 Abril 2010 – Último dia na Patagônia, resolvemos fugir da neve (já deu, né?) e fazer um passeio diferente: 4 x 4 nas montanhas (ou “balcones”, como preferir) que ficam atrás da cidade. E o espírito de aventura que não largou meu corpinho nem um minuto!

O guia gente boa buscou todo mundo em seus respectivos hoteis e nosso grupinho-de-excursão-de-colégio foi formado por nós e mais dois casais de meia-idade. Medo de termos embarcado numa aventura geriátrica, mas mordi minha própria língua dois minutos depois das apresentações iniciais, momento em que nos tornamos amigos para sempre.

Deserto. Praticamente um desenho do Papa-Léguas. O jipe subia por uns caminhos bizarros, curvas sinuosas que beiravam o abismo. Uma das mulheres do grupo fechava os olhos e se encolhia de desespero. Enquanto isso, Alfredo e Marta, casal de médicos de Buenos Aires que hoje mora no meu coração, falavam alto e riam de tudo. Hilário! Caraca, eles eram muito animados! Amei!

A primeira parada é incrível, bem no alto da montanha, de onde se tem uma vista espetacular do Lago Argentino e dos picos nevados. Aí o guia começa a explicação: “Há não sei quantos zilhões de anos, quando todo esse lugar aqui ficava embaixo d’água...”. Peraí. Como assim?? Que água?? Pois é, minha gente, o lugar onde hoje tudo é marrom e seco, com vegetação fraca e rasteira, já foi lindamente um habitat aquático. Prova disso são as conchas e mariscos fossilizados em algumas pedras que vimos por lá. E eu que não dava nada por esse passeio já estaria quicando de empolgação, não fosse o frio absurdo que faz lá em cima.

Então por que aqui é deserto se logo ali adiante há montanhas nevadas? Simples. Porque o ar frio vem todo serelepe do Pacífico até encontrar a Cordilheira dos Andes. Aí os dois ficam na maior sacanagem e faz-se a neve. E aí a amada montanhinha em que nos encontramos, e algumas outras amiguinhas, ficam chupando dedo e tudo o que lhes resta é o arzinho seco, tadinhas.

Continuando a aventura, paramos para caminhar pelo “Labirinto de piedras” que, como o nome diz, é... um labirinto de pedras. Duh. Uma região com umas formações rochosas enormes e diferentes de tudo que eu já havia visto. Minha total ignorância geológica me impede de ir adiante na informação, mas sei dizer que é muito lindo! No chão, a areia cheia de buracos que são tocas de animais. Aí você olha pro lado e vê uma lebre fofa saltitante. Um lugar imenso, que transmite paz. O único som é o do vento.

Ali perto, enquanto a gente gastava toda a bateria da câmera, há um acampamento onde os guias já estavam todos na ativa preparando nosso almoço: bifes deliciosamente macios (viva a carne argentina!) no pão com tomate. Nossa, e o cheiro daquela carne na chapa era tão bom que também atraiu duas raposas que ficaram próximas da gente tentando garantir a refeição do dia. E eu achando que raposa era selvagem e atacava galinheiros. Essas pareciam dois cachorrinhos e vinham bem perto das mesas pegar uns restos de comida. E eu me sentindo o Indiana Jones! Depois, o cafezinho estupidamente quente era tudo o que eu precisava pra tentar reanimar meus músculos semi-congelados. E a última parada foi nas pedras dos “sombreros”, um outro tipo de formação em que a rocha parece estar coberta de chapéus de mexicano.

Ainda era cedo quando voltamos ao hostel, mas o check-out já estava feito e restavam algumas horas até o embarque. Alugamos duas bicicletas e saímos pedalando pela cidade vazia (porque era domingo e estava bem no horário da siesta – levada a sério por aqui). E foi tão legal me despedir dessa cidade fofa com uma pedalada às margens do lago e na avenida Libertador, e lembrar dos dois dias que passei ali (e pareceram muito mais, juro). Adorei Calafate! Indico a todo mundo!

Posso estar sendo repetitiva nos adjetivos, mas não há outra maneira de expressar. A Patagônia é linda demais! Diferente das outras viagens que fiz. Aqui é a natureza em seu estado mais puro, mais amplo, mais magnífico. Faz você se sentir mínimo e insignificante e, ao mesmo tempo, feliz e orgulhoso por fazer parte desse todo. Não quero parecer ativista do Greenpeace, mas também não tenho como deixar de ressaltar como o nosso planeta é maravilhoso e como a gente precisa cuidar bem dele. Toda viagem me faz crescer de alguma forma e essa me surpreendeu pela força, pelo poder da natureza. Fez bem pros olhos e pro coração. Gente, e é tão pertinho do Brasil!! Tá esperando o quê?

Beijos pra mãe natureza!
Apoio: Mundo Verde (tô brincando! rsrsrs)
PS: O próximo post é um bonus track.

Um comentário:

gutemberg disse...

Caramba, como voce tem facilidade com a escrita. me contagiou demais... de todos os blogs que eu li sobre viagem, pode ter certeza que voce foi a que mais me colocou dentro da viagem.

Parabéns.