domingo, março 31, 2013

Los Angeles III - O mundo mágico da Warner Bros


O passeio por Beverly Hills pode não ter sido o mais enriquecedor do universo, intelectualmente falando. Mas foi através dele, numa conversa informal com o guia e o resto do grupo, que eu fiquei sabendo do melhor programa pra se fazer em Los Angeles: um tour pelos estúdios da Warner Bros. Era meu último dia na cidade e a cereja do bolo realmente havia ficado pro final. Voltei pro hostel cheia de pressa pra entrar no site da Warner, sem saber se ainda haveria visitas guiadas naquele dia. E tinha, pra uma hora depois. Peguei um taxi correndo. Minhas séries preferidas são produções da Warner e eu só me dei conta disso ao chegar lá. No tour, a gente sobe num daqueles carrinhos de golfe bem grandes e visita os sets, não só das séries, mas dos filmes produzidos por eles. O local onde Peter Parker beija Mary Jane em “Spider Man”, o cinema de “O artista” e de “The big bang theory”, além do micro quadradinho (na TV parece infinitamente maior) do futebol americano de “Friends”. Na porta de cada um dos imensos estúdios há uma placa com a lista das produções filmadas ali. De “Inception” a “Two and a half men”, de clássicos a besteiróis atuais. Eu estava exatamente onde os maiores filmes da história do cinema e as séries de maior sucesso da TV foram rodados, e não conseguia acreditar naquilo. Pega a minha emoção no tour da Universal e multiplica por mil, pega minha alegria do dia do parque e eleva à enésima potência. Foi indescritível.


O tour inclui ainda uma visita a um pequeno museu de carros usados nas produções (Batman, Se beber não case, Matrix, The Flinstones), a algum estúdio que não esteja sendo usado no momento do tour (nesse dia era o de “Pretty little liars”) e a um museu incrível de figurinos, com um andar inteiro dedicado a Harry Potter, incluindo roupas, objetos e criaturas (Dobby, o elfo, está aqui!). Uma pena que fotos não sejam permitidas, mas os visitantes podem colocar o chapéu seletor e ele anuncia pra qual casa de Hogwarts você iria, que nem no filme. Tipo criança. Muito nerd. Muito legal!

No final, a guia ainda nos levou na parte de um galpão que não parecia ter nada de especial. Abriu a portinha e entramos nada menos que no cenário de Friends!!! AAAAAAAAAAAAA!!!! Caraca! Passei anos acompanhando esse negócio, até hoje fico assistindo e rindo das mesmas piadas. Essa série marcou a vida de um monte de gente, a minha inclusive. Eu só conseguia dizer “Oh my God” e a guia só sorria e falava “I know”. Em nenhum momento durante todo o tempo em que planejei essa viagem eu imaginei dar de cara com isso. Aliás, nem sabia que isso existia pra visitação. Nossa, que surpresa!! Que loucura, gente. Sempre sonhei trabalhar num lugar assim. Deus, me conceda isso um dia. Por favor.

Pra terminar minha surpreendente estadia em LA, mais uma surpresinha: o letreiro “Hollywood”, aquele lá em cima da colina, não tem qualquer iluminação à noite. E eu não tinha tirado nenhuma foto dele! O shuttle passaria no hostel às 6h30 pra me buscar. Às 6h eu saí esbaforida pelo Hollywood Boulevard porque sabia que a algumas quadras dali dava pra avistar o letreiro. Estava amanhecendo ainda. Ninguém na rua, além de um ou outro mendigo desconhecido dormindo na calçada da fama. Quando parei, veio um carinha atrás de mim, tipo saindo da balada, todo ofegante: “Nossa, como você anda rápido! Estou desde lá atrás tentando te alcançar” (oi??). Que medo, credo! Atravessei a rua, despistei o maluco e voltei correndo pra não perder o shuttle. Mas consegui a foto, rá! Praticamente um blockbuster de aventura hollywoodiano. Foi assim que me senti. Los Angeles, querida, de sem graça você não tem nada. Eu volto, pode esperar.

Los Angeles II - All I wanna do is have some fun

 
Segundo dia em LA, achei que eu tivesse 10 anos e passei o dia inteiro no Universal Studios. Meu Deus, eu me acabei que nem uma criança! Da hora que o parque abriu até a hora que ele fechou eu fiquei lá dentro esquecendo a maturidade que tenho e sendo muito feliz! Assim que entrei, então, foi ridículo. Os caras colocam aquela musiquinha que abre todos os filmes da Universal e aí eu sei lá se achei que estava num filme, sei lá se achei que estava de volta à Disney depois de 15 anos, só sei que me bateu uma emoção tão grande que os olhos encheram d’água. E eu morrendo de vergonha, um monte de criança em volta e só eu chorando, onde já se viu? Universal Studios Hollywood é demais, cheio de simuladores 3D, 4D... O da Múmia, apesar de durar só uns 2 minutos, é o máximo! O dos Simpsons e o dos Transformers são ótimos também. Mas pra mim nada barra o tour “Inside the movies”, em que você pega tipo um trenzinho e faz um passeio pelos estúdios da Universal. Simplesmente as locações onde os caras filmam os longas que eu, você e o mundo todo conhecemos. Pra quem estudou Comunicação e é apaixonado por cinema e TV como eu, essa é uma experiência imperdível. 
Hitchcock
Desperate Housewives














Los Angeles é a cidade onde se passa o dia inteiro brincando no parque e depois se vai ao teatro. Ou seja, nada de descanso. Eu disse que era só entretenimento, então não dava pra perder tempo. Cirque du Soleil me esperava no Dolby Theater. E eu, que nunca tinha visto esse espetáculo ao vivo, confesso que estava mais ansiosa pra conhecer o local da entrega do Oscar. Iris, o show fixo daqui, é sobre cinema e tem uns números maravilhosos. Mas juro que eu fiquei o tempo todo, desde a calçada na frente do teatro, passando pelas galerias, pelas escadas, pelo hall e pelo banheiro, imaginando aquela gente toda emperequetada  no dia do Oscar andando por ali. Julia Roberts, toda trabalhada no longo, tendo que levantar aquele vestido enorme pra fazer um xixizinho no mesmo lugar que eu! E o teatro em si nem é grande. Vendo pela TV parece uma coisa absurda. É um teatro normal, menor que o Municipal aqui do Rio, como pode? Meu lugar nem era na primeira fila, mas eu super senti que o Bradley Cooper já havia sentado ali. Coisa de pele. :)



Já que se está mesmo em Los Angeles, não vamos abrir mão de toda essa vibe “celebridades”, certo? Então partiu tour guiado por Beverly Hills, lugar chique, lugar fino, lugar das mansões habitadas pelos ricos e famosos. O passeio em que a futilidade grita e você acha que atrás do insulfilm de todo carro está uma estrela do cinema. “Quando um carro passar, acenem!”, dizia o guia, “Certa vez umas meninas acenaram, o carro parou e o David Beckham abriu o vidro pra tirar foto com elas”. Gente. Esqueci Julia Roberts fazendo xixi no Oscar. Meu foco agora era todo no Beckham. Que não apareceu, uma lástima, mas a gente deu tchauzinho pra todos os carros que passaram, sem exceção. Atrás do vidro fumê alguma alma famosa deve ter correspondido meu aceno. 
Casinha humilde da Julia Roberts
E o tour continuou. Uma mansão maior e mais bonita que a outra. Uma que foi de Elvis Presley, outra de Walt Disney, e mais outra de Charles Chaplin (que hoje é de quem? Julia Roberts! Voltamos a pensar no xixizinho); uns minutos em frente à casa onde morreu Michael Jackson, afinal, homenagens devem ser feitas. Mas até aí, nada da casa que eu mais queria ver. O guia já dava sinais de que o tour estava chegando ao fim e eu só pensava “Não acredito que eu vim até aqui e não vou ver essa mansão”. Mas aí o amado guia entrou em outra rua, atravessou a avenida principal fora do sinal, virou à esquerda e anunciou: “Aquela casa ali, no final, é a Playboy Mansion. Na frente dela há uma pedra com um botão que é um interfone. Quem quiser ser coelhinha ou falar qualquer coisa com eles, aperte o botão”. Quase morri de emoção! Nunca estive tão perto do vovô Hefner, gente! O diálogo a seguir, entre o guia e eu, é verídico:

- Eu trabalho na Playboy. Queria deixar um recado pro Mr. Hefner.
- Como assim trabalha na Playboy? O que você faz?
- Verdade. Olha o meu cartão. (Mostrei meu cartão)
- Nossa! Nunca tive ninguém da Playboy no meu grupo! Vai lá, toca o interfone.

Eu fui. Toquei. O grupo todo em volta, em silêncio.

- Pois não.
- Oi. Eu sou do Brasil, trabalho na Playboy de lá e gostaria de convidar o Mr. Hefner a nos visitar. Estou com meu cartão aqui. A quem posso entregá-lo?
- Pode deixar aí na cerca, perto do portão.

Pronto. Eu tremia de nervoso, mas escrevi um convite pro vovô no meu cartão de visitas, o deixei bem posicionado na cerca e tirei uma foto dele pros amigos acreditarem na minha cara-de-pau. Até hoje não tive retorno de Hugh. Mas ainda acho que um dia ele vai tocar a campainha lá do trabalho e aparecer na nossa porta vestindo aquele roupão vinho.

Detalhe do portão da mansão que foi de Walt Disney

Los Angeles I - As calçadas e a fama

Não foram poucas as pessoas que me falaram, antes da viagem, que Los Angeles era uma cidade sem graça. Ainda bem que eu fui lá pessoalmente ver se isso era verdade. E não é. Se eu pudesse defini-la em uma palavra, seria “entretenimento”. Ainda não conheço Las Vegas, mas imagino que sejam lugares meio parecidos nesse sentido. De qualquer forma, só uma coisa importa no fim das contas: Los Angeles é pura diversão!!

A gente acha que vai encontrar em LA o glamour que vê nos filmes e nas revistas, pensa que vai chegar em Hollywood e dar de cara com o Brad Pitt andando na rua. E não é bem assim. Cheguei na hora do almoço de um dia estupidamente quente, e todos os outros foram exatamente iguais. No caminho do metrô até o hostel, umas cinco quadras empurrando minha mala pela calçada da fama, já deu pra notar que o sol seria meu companheiro fiel e que, por mais que eu procurasse, infelizmente não encontraria o Brad por ali.




A famosíssima calçada da fama fica ao longo do Hollywood Boulevard. De dia, muitas lojas de souvenir e estúdios de tatuagem. À noite, a parte mais popular fica tomada de turistas, sósias das celebridades do cinema ávidos pelos dólares dos turistas e muitas lojas de “roupa” a.k.a. “como se vestir que nem Priscilla, a rainha do deserto”. Bizarro. A fama definitivamente fica bem distante da calçada. Se você pensa em visitar LA, te digo que você não sabe o que esperar. Aliás, uma dica: não espere nada. Vá de mente aberta. Foi justamente um guia que conheci dias depois, nascido e criado lá, quem deu o melhor conselho: “não julgue a cidade pela aparência. Para conhecê-la de verdade, é necessário abrir suas portas e vê-la por dentro”. E isso serve pra tudo, não só pra cidade. Olhando o modo como muitas pessoas de lá se vestem, os acessórios que usam, é muito fácil pra gente sair julgando. Notei isso em mim e fiquei com vergonha. Fiquei pensando bastante sobre isso depois. A aparência pode pregar muitas peças, ruins ou boas. Em pouco tempo já havia me desfeito dos “pré-conceitos” que eu tinha criado sobre Los Angeles, e uma ideia completamente nova dessa cidade tão peculiar já dominava totalmente meu pensamento.

Fiz o trecho San Diego-LA de trem. A chamada Surfer Line vai beirando a costa da Califórnia e faz um caminho lindo com vistas para a praia. Recomendo! E se chegou em LA e está calor, aonde vamos? À praia, lógico! Meu primeiro dia em Los Angeles não poderia ter sido mais gostoso. Ok, vamos relevar o fato de que levei uma hora e meia pra chegar no litoral, com direito a fazer baldeação pra outro ônibus. Mas tem ar condicionado, vai. E eu, cheia de medo de perder o ponto, olhava o mapa, olhava as placas, olhava pro lado, não fazia ideia de onde eu estava. Mas deu certo, eu sabia! No final, sempre dá. Ok de novo, saltei no ponto errado e tive que dar uma andadinha, mas e daí? Eu estava onde queria estar: Venice Beach, bitch!! Caraca, que lugar maneiro! Que lugar maluco!


Um calçadão com camelôs de um lado e lojinhas de surf, tattoo e souvenirs do outro. Quadrados pintados no chão delimitam a área de cada camelô, ou tá pensando que é bagunça? E as banquinhas vendem de artesanatos a comida, escrevem seu nome num grão de arroz (ó que emocionante) ou simplesmente expõem cachorras (o animal mesmo) de biquíni e unhas pintadas. Enquanto isso, dezenas de pessoas param você para oferecer tratamentos médicos à base de maconha (os “consultórios” ficam entre uma lojinha e outra, identificados, obviamente, por placas no formato da famosa folhinha da marijuana). Assim mesmo, sem estresse. Ali também fica a academia dos marombeiros, que ainda cultuam Schwarzenegger. Pelo que parece, o ex-governador malhava ali até se tornar Miss Universo. Divo. Passando por quadras de esporte, pistas de skate e homens exibindo todo um exagero de músculos, cheguei à areia e ali fiquei pegando um solzinho, olhando o mar, admirando aquela extensa faixa branca com tão pouca gente. A pessoa se acostuma com a praia de Ipanema lotada a vida toda, chega aqui e estranha tanto espaço. Depois, uma bela caminhada pela beira da água gelada do Pacífico até a praia de Santa Monica, bem ao lado.
 

Fiquei andando pela região until the sun goes down over Santa Monica Boulevard. Restaurantes, bares, lojas, carros chiques e eu de cima olhando a praia, o píer com a velha montanha russa, esperando o pôr do sol. Um vento frrrrrrrrrio e quem disse que eu ia embora? Amo ver o sol se pondo, ainda mais num lugar em que nunca estive. Botei minha canga nas costas, bem mulamba, e esperei o céu ficar vermelho e o sol entrar na água. Coisa linda.  E lá fui eu esperar o ônibus pra voltar a Hollywood. Ônibus que me foi indicado por um cara que morava na cidade, mas que me deixou a muitas quadras do hostel. Muitas quadras aqui não são como numa cidade do interior, são milhões de anos-luz. E lá fui eu a pé em direção às luzes do Hollywood Boulevard. Vontade de bater naquele careca que me falou o ônibus errado.