Não foram
poucas as pessoas que me falaram, antes da viagem, que Los Angeles era uma
cidade sem graça. Ainda bem que eu fui lá pessoalmente ver se isso era verdade.
E não é. Se eu pudesse defini-la em uma palavra, seria “entretenimento”. Ainda
não conheço Las Vegas, mas imagino que sejam lugares meio parecidos nesse
sentido. De qualquer forma, só uma coisa importa no fim das contas: Los Angeles
é pura diversão!!
A gente
acha que vai encontrar em LA o glamour que vê nos filmes e nas revistas, pensa
que vai chegar em Hollywood e dar de cara com o Brad Pitt andando na rua. E não
é bem assim. Cheguei na hora do almoço de um dia estupidamente quente, e todos
os outros foram exatamente iguais. No caminho do metrô até o hostel, umas cinco
quadras empurrando minha mala pela calçada da fama, já deu pra notar que o sol
seria meu companheiro fiel e que, por mais que eu procurasse, infelizmente não
encontraria o Brad por ali.
A famosíssima
calçada da fama fica ao longo do Hollywood Boulevard. De dia, muitas lojas de
souvenir e estúdios de tatuagem. À noite, a parte mais popular fica tomada de
turistas, sósias das celebridades do cinema ávidos pelos dólares dos turistas e
muitas lojas de “roupa” a.k.a. “como se vestir que nem Priscilla, a rainha do
deserto”. Bizarro. A fama definitivamente fica bem distante da calçada. Se você
pensa em visitar LA, te digo que você não sabe o que esperar. Aliás, uma dica:
não espere nada. Vá de mente aberta. Foi justamente um guia que conheci dias
depois, nascido e criado lá, quem deu o melhor conselho: “não julgue a cidade
pela aparência. Para conhecê-la de verdade, é necessário abrir suas portas e vê-la
por dentro”. E isso serve pra tudo, não só pra cidade. Olhando o modo como
muitas pessoas de lá se vestem, os acessórios que usam, é muito fácil pra gente
sair julgando. Notei isso em mim e fiquei com vergonha. Fiquei pensando
bastante sobre isso depois. A aparência pode pregar muitas peças, ruins ou
boas. Em pouco tempo já havia me desfeito dos “pré-conceitos” que eu tinha
criado sobre Los Angeles, e uma ideia completamente nova dessa cidade tão
peculiar já dominava totalmente meu pensamento.
Fiz o trecho San Diego-LA de trem. A chamada Surfer Line vai beirando a costa da Califórnia e faz um caminho lindo com vistas para a praia. Recomendo! E se chegou em LA e está
calor, aonde vamos? À praia, lógico! Meu primeiro dia em Los Angeles não
poderia ter sido mais gostoso. Ok, vamos relevar o fato de que levei uma hora e
meia pra chegar no litoral, com direito a fazer baldeação pra outro ônibus. Mas
tem ar condicionado, vai. E eu, cheia de medo de perder o ponto, olhava o mapa,
olhava as placas, olhava pro lado, não fazia ideia de onde eu estava. Mas deu
certo, eu sabia! No final, sempre dá. Ok de novo, saltei no ponto errado e tive
que dar uma andadinha, mas e daí? Eu estava onde queria estar: Venice Beach, bitch!!
Caraca, que lugar maneiro! Que lugar maluco!
Um calçadão com camelôs de um lado e lojinhas de surf, tattoo e souvenirs do outro. Quadrados pintados no chão delimitam a área de cada camelô, ou tá pensando que é bagunça? E as banquinhas vendem de artesanatos a comida, escrevem seu nome num grão de arroz (ó que emocionante) ou simplesmente expõem cachorras (o animal mesmo) de biquíni e unhas pintadas. Enquanto isso, dezenas de pessoas param você para oferecer tratamentos médicos à base de maconha (os “consultórios” ficam entre uma lojinha e outra, identificados, obviamente, por placas no formato da famosa folhinha da marijuana). Assim mesmo, sem estresse. Ali também fica a academia dos marombeiros, que ainda cultuam Schwarzenegger. Pelo que parece, o ex-governador malhava ali até se tornar Miss Universo. Divo. Passando por quadras de esporte, pistas de skate e homens exibindo todo um exagero de músculos, cheguei à areia e ali fiquei pegando um solzinho, olhando o mar, admirando aquela extensa faixa branca com tão pouca gente. A pessoa se acostuma com a praia de Ipanema lotada a vida toda, chega aqui e estranha tanto espaço. Depois, uma bela caminhada pela beira da água gelada do Pacífico até a praia de Santa Monica, bem ao lado.
Fiquei
andando pela região until the sun goes
down over Santa Monica Boulevard. Restaurantes, bares, lojas, carros
chiques e eu de cima olhando a praia, o píer com a velha montanha russa,
esperando o pôr do sol. Um vento frrrrrrrrrio e quem disse que eu ia embora?
Amo ver o sol se pondo, ainda mais num lugar em que nunca estive. Botei minha
canga nas costas, bem mulamba, e esperei o céu ficar vermelho e o sol entrar na
água. Coisa linda. E lá fui eu esperar o
ônibus pra voltar a Hollywood. Ônibus que me foi indicado por um cara que
morava na cidade, mas que me deixou a muitas quadras do hostel. Muitas quadras
aqui não são como numa cidade do interior, são milhões de anos-luz. E lá fui eu
a pé em direção às luzes do Hollywood Boulevard. Vontade de bater naquele
careca que me falou o ônibus errado.
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