Para chegar ao Glaciar é fácil: basta pegar um taxi na cidade e ele te deixa no pé da montanha, onde começa a subida. Dá pra ir a pé até esse ponto, mas é um caminho bem demorado. O taxi até lá dá uns 18 pesos (faça a conversão aí e seja feliz. A Argentina é o paraíso dos brasileiros! Nossa moeda vale o dobro, é quase piada). Bom, aí eu avistei aquela paisagem linda, toda branquinha, com neve fresquinha (havia nevado de madrugada), saltei do taxi toda empolgada e quase fui com a cara no chão! Haviam me dito que era tranqüilo andar na neve de tênis, mas não com o MEU tênis, todo trabalhado na sola lisa. Sorte que, próximo dali, há um restaurante/escola de esqui, onde um simpatiquinho chamado Pedro me alugou um par de botas específicas pra neve por 15 pesos (sim, R$7,50!).
Aí a vida foi linda! O caminho de subida pelo bosque foi uma experiência incrível! E eu me dei conta de que toda a neve que havia visto na vida é pinto perto da que estava ali à nossa volta. O chão todo branco, árvores, troncos e pontes cobertos de neve, cachoeiras congeladas. Não parecia real. Parecia mais filme de Natal, e que iríamos dar de cara com a casa do Papai Noel a qualquer momento. Isso porque, na noite anterior, encontramos um canteiro de uma pracinha na cidade coberto com um pouquinho de neve e já foi emocionante, veja só! Ficamos que nem uns paraíbas tirando foto com aquela miséria de gelo na graminha sem ter noção do que veríamos no dia seguinte.
Levamos umas duas horas subindo, tirando um trilhão de fotos e sambando no gelo (sim, como nunca antes na história daquele país!). A paisagem tinha a inacreditável capacidade de ficar ainda mais bonita a cada metro subido. Aquela imensidão branca, o céu que ficava azul às vezes, a vista da Baía de Ushuaia lá embaixo. Mas três momentos específicos ficarão guardados pra sempre na memória. O primeiro era quando a gente andava e o pé afundava tanto que o gelo ia quase até o joelho. Em alguns trechos a camada de neve era tão alta que eu andava engatinhada pra não afundar. Hahahaha! A segunda foi quando eu passei por uma pontezinha e logo na saída tomei o maior escorregão, daqueles que jogam suas duas pernas pra cima e te fazem cair de bunda, que nem desenho animado. Aí o Vlad riu, foi lá me ajudar a levantar e caiu também! Kkkkkkk!! Boludos! E o terceiro era um sonho de criança (culpa do cinema americano, certamente): tirei as luvas, perdi a pouca sensibilidade que ainda tinha nas mãos e fiz com o Vlad o boneco de neve mais cuti-cuti do universo! Cara, meu filhinho de neve era a coisa mais linda, fofa e sorridente que aquele Glaciar já viu. E, como ele marcou nossas vidas, decidimos prestar uma justa homenagem à ascensorista do Galeão e o batizarmos de Osvaldízio (na Argentina se diz “Ôrbaldício”). Afinal, um bonequinho tão belo merecia um nome à sua altura.
Na volta, almoçamos no tal restaurante que abriga a escola de esqui. Uma delícia de prato que era tipo uma sopa com legumes e carne de cordeiro, acompanhado da cerveja local e artesanal Cape Horn. Porque nessa viagem eu inventei que experimentaria todas as cervejas locais, e essa foi a melhor de todas, acredite. Descemos andando até a cidade, passando por vários daqueles hoteis enormes, cheios de neve no telhado e aparentemente vazios, como o do “Iluminado”. Caraca, não chegava nunca! Muito longe, frio, cansaço. A recompensa foi entrar num café/chocolateria e aquecer o coração com um delicioso submarino (barra de chocolate mergulhada no leite quente expresso).
À noite ainda fomos ao pub Dublin, o mais famoso de Ushuaia, onde pegamos amizade fortíssima com duas gaúchas, Raquel e Lu, fofas até dizer chega! Parecia que a gente se conhecia há anos! Bom demais! O garçom sem noção era bem gente boa, e os espanhois mulherengos também eram fanfarrões divertidos. Então eu pedi a cerveja especial do pub, fui botar no copo e era... verde. Tipo água de pântano. Tipo Listerine. Perfeita para celebrar nossa última noite no “fin del mundo”.
Beijo, Osvaldízio!
Mamãe te ama.
2 comentários:
Miga, seu filhinho é liiiiindo!!! :) Beijos!
Nossa... Ri demais!
Postar um comentário